Economia Prateada, um
mercado potencial
Marina Prieto (*)
Estima-se
que pessoas com mais de 65 anos compõem 17% da faixa dos 5% mais ricos do
Brasil, segundo estudo de mercado. E 66% deles têm como prioridade aproveitar a
vida, de acordo com uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC).
Esses
dados mostram por que a economia prateada tem ganhado reconhecimento global
como uma tendência significativa: há muitas oportunidades para os
empreendedores brasileiros explorarem nesse segmento. À medida que o
envelhecimento da sociedade se torna uma realidade, mais portas se abrem para
que serviços inovadores surjam para atender suas necessidades.
É
fato que as empresas que focarem nesse público podem ter um importante
diferencial competitivo nos próximos anos. Mas embora o fenômeno da economia
prateada seja uma realidade global, sua adoção e implantação dependem
consideravelmente de uma série de fatores.
Infelizmente,
ainda persistem estereótipos negativos ligados aos idosos. Ao contrário do que
muitos acreditam, essa faixa da população não é formada por velhinhos
fragilizados, ranzinzas e que sempre precisam de ajuda - aliás, essa é uma
imagem totalmente distorcida da realidade. Outra ideia errônea a respeito da
geração prateada é que eles são resistentes à tecnologia e não possuem
interesse em atividades modernas - percepções que não correspondem à realidade
diversificada dos idosos.
Na
América Latina, pesquisas mostram que a geração prateada tem características
comportamentais distintas, como apego aos valores tradicionais e aos papéis de
sustento financeiro e emocional nas famílias. Esse padrão reflete a influência
cultural dos baby boomers, geração que valorizou a estabilidade profissional e
a dedicação ao trabalho, muitas vezes em detrimento das relações familiares
mais estreitas.
Essas
pessoas são muito importantes para o país economicamente, sendo responsáveis
por movimentar impressionantes R$
2 trilhões anualmente. Entretanto, surfar essa onda é um privilégio de quem
compreende mais profundamente com quem estão lidando e é capaz de traçar as
melhores estratégias para abordá-los.
Observo
que já existe uma mudança de paradigma em curso, com empreendedores e empresas
reconhecendo cada vez mais que a economia prateada pode ser muito mais
frutífera se for praticada de maneira sensível e respeitosa. Isso pode ser
alcançado por meio de uma comunicação autêntica e direta, que mostre produtos e
serviços acessíveis, de alta qualidade e atrelados à incorporação de valores
tradicionais, somados às experiências pessoais nas marcas oferecidas.
A
chave está em compreender as necessidades e aspirações individuais dos idosos e
oferecer soluções que melhorem sua qualidade de vida, promovendo saúde,
independência, aprendizado contínuo e engajamento social.
Em
um país onde a população idosa está crescendo de forma constante, a economia
prateada se apresenta como uma oportunidade valiosa e, ao mesmo tempo, uma
responsabilidade social. Vemos os empreendedores brasileiros se esforçarem para
abraçar essa tendência global. Eles têm a chance de inovar e querem contribuir
para o bem-estar dos idosos e prosperar em um mercado em expansão. Mas é
preciso ouvir, compreender e atender às necessidades únicas dessa geração
prateada que está redefinindo a dinâmica econômica do Brasil.
(*) É professora de
Contabilidade da ESEG - Faculdade do Grupo Etapa.
Ilustração: El País.