O mercado de luxo não sofre com a crise
Adriano
Tadeu Barbosa (*)
De acordo com pesquisas recentes e
dados da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), neste ano de
2016 o mercado de luxo deve crescer entre 11 e 13% no Brasil. Segundo
especialistas, isso acontece por um fato que nós conhecemos muito bem: o brasileiro
gosta de comprar. Empresas que representam este mercado estão na contramão da
crise. Quando tratamos de automóveis, por exemplo, o mercado de veículos gerais
teve queda de 30% em 2015, enquanto as concessionárias de luxo registraram alta
de 20% nas vendas no mesmo período.
Se formos analisar outros setores como
os de joias e artes, vemos que os consumidores das classes A e B não abrem mão
de atualizarem seus acervos, tanto que a procura por designers exclusivos e
galerias de arte não recuou em algumas regiões do Brasil. O que podemos afirmar
é que o índice de desemprego alto no país não atinge a estabilidade desta
classe econômica, porque ela não depende de créditos, o que faz com que
continue a consumir.
Pelo bom gosto apurado e por somente
buscarem produtos de extrema qualidade, conhecendo muito bem as empresas que
fazem parte deste mercado, os consumidores de luxo investem porque sabem que
não enfrentarão problemas depois. Isso traz estabilidade neste setor mesmo em
meio a um cenário não favorável para a maioria. A cidade de São Paulo é a maior
responsável pelo consumo do mercado de luxo no Brasil, cerca de 60%, seguida do
Rio de Janeiro, com 25%. Especialistas acreditam que, em 2025, Brasil, Rússia,
China e Índia representarão 52% do mercado de luxo no mundo.
Nos últimos anos, o mercado de luxo no
Brasil ganhou maturidade. Nós passamos daquela fase do luxo voltado para
produto para uma fase mais evoluída, mais madura, do luxo voltado para
serviços. Aquele luxo da ostentação, das coisas muito caras, está cedendo lugar
a um luxo experiencial. O que abre espaço neste mercado de 32% dos 200 milhões
de brasileiros. Segundo o IBGE, 64 milhões de habitantes estão entre as classes
A e B no Brasil, concentradas nas regiões sul e sudeste, mas que também se
situam nas outras regiões deste grande país. Todos em busca de excelentes
produtos, serviços e experiências, a nova versão do mercado de luxo.
Poder usufruir de algo inesquecível e
em alguns casos, inexplicável, como um jantar romântico nas alturas, viajar
seguindo a aurora boreal, desfrutar de um assessor pessoal para todas suas
atividades burocráticas, está na lista destes consumidores experientes no bom
atendimento e experts em qualidade. Assim, para continuar a desenvolver
serviços e produtos às expectativas deste seleto grupo, e para entender como o
comportamento das classes A e B reage neste mercado, o aprendizado contínuo e a
atualização dos profissionais são fundamentais.
(*) é supervisor
do GBA internacional Mercado de Luxo do Instituto Superior de
Administração e Economia (ISAE). Ilustração: www.webluxo.com.br