quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Para obter transformação social a comunicação é imprescindível


A comunicação como instrumento de transformação

Maíra Junqueira  (*)

A convicção de que a comunicação deve estar no centro das ações das organizações que atuam para a transformação social tem um forte exemplo na campanha de educação pública realizada contra o Dont Ask, Dont Tell, termo utilizado para a antiga política de restrição a gays nas Forças Armadas dos Estados Unidos.  De acordo com essa política, os homossexuais poderiam permanecer nas Forças Armadas caso não revelassem sua orientação sexual. Durante uma década, a organização Palm Center, que luta pelos direitos dos homossexuais nos EUA, desenvolveu uma estratégia de informação baseada em uso de ferramentas de comunicação, divulgação de dados de pesquisas, advocacy e educação pública com o objetivo de derrubar a restrição. Em 2011, o governo norte-americano aboliu oficialmente a proibição e passou a permitir que homens e mulheres pudessem prestar o serviço militar sem ter medo de represálias ou da expulsão. O sucesso da campanha mostrou a importância da utilização adequada de estratagemas de comunicação para a conquista de um objetivo específico. Um dos métodos utilizados foi a conquista da adesão de porta-vozes tradicionalmente relacionados a outras bandeiras, o que despertou a atenção da opinião pública. Aaron Belkin, diretor da Palm Center e um dos criadores da campanha bem-sucedida, foi um dos destaques da ComNet -The Communications Network Annual Conference 2016, conferência anual para discutir as estratégias de comunicação para o setor social realizada em Detroit (EUA) em setembro.  Ele detalhou a articulação de técnicas e métodos que tornou a campanha contra o Dont Ask, Dont Tell um caso emblemático da possibilidade de mudar políticas públicas por meio da conquista do apoio da população. Também ressaltou a importância de insistir na mensagem a ser divulgada, o que pode ser feito de formas diversas, mas sempre com a repetição da relevância da causa.  
O ComNet 2016 reuniu 500 profissionais do setor social para debates e trocas de experiências sobre o potencial da comunicação. Ao lado de representantes de outras organizações brasileiras, participei como representante do Fundo Brasil de Direitos Humanos de workshops, conferências, debates e painéis realizados durante o evento. Além do Fundo Brasil, marcaram presença organizações brasileiras como o GIFE, o Instituto Alana, a Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, o Instituto Ayrton Senna, o Minha Sampa e o Instituto Unibanco.
Foi uma grande oportunidade de conhecer outras realidades e possibilidades, além de trocar experiências. Temas como as experiências digitais de comunicação estratégica, como causar impacto no público e a influência das questões culturais na compreensão das mensagens estiveram no centro das discussões. Um dos pontos debatidos, por exemplo, foi a importância de conhecer e entender a audiência em potencial das campanhas de comunicação e quais são as ferramentas que podem ser utilizadas para isso. É uma questão bastante avançada entre as organizações sociais dos Estados Unidos.A curadoria do conteúdo a ser transmitido e a escolha do público-alvo são importantes desafios para conseguir comunicar em um cenário em que há uma avalanche de informações circulando na internet e uma intensa disputa pela audiência.
Nesse contexto, o foco no público que interessa de fato e a customização da informação são estratégias que ganham força.   Para organizações que atuam no campo dos direitos humanos no Brasil também é um grande desafio lidar com um ambiente cultural em que as forças conservadoras ocupam cada vez mais espaço e em que grande parte da sociedade ainda não compreendeu a importância de apoiar os defensores de direitos. Na ComNet, uma das discussões foi baseada em como fazer com que o público pense diferente do que está acostumado e, a partir disso, tenha ações também diferentes.  Shaun Adamec, diretor de comunicações estratégicas da Nellie Mae Education Foundation, e Nat Kendall-Taylor, CEO do FrameWorksInstitute, lembraram que muitas vezes a linguagem que usamos para enfrentar as formas conservadoras de pensamento correm o risco de reforçá-las ainda mais, tornando ainda mais complicada a comunicação de nossas ideias.  
Identificar de que forma a linguagem reforça o pensamento conservador; conhecer novas formas e estratégias para comunicar questões difíceis; e aplicar esses aprendizados para pensar em maneiras diferentes de envolver o público e ser mais eficaz foram questões que estiveram no centro da conversa com os dois comunicadores.  Outro destaque na conferência foi a apresentação da  campanha Love has no label, veiculada no Valentine´s Day, em Nova Iorque, e que ganhou repercussão mundial. A campanha usou imagens de raio-x de participantes de várias idades e gêneros para mostrar que todos são iguais e ressaltar a diversidade do amor. Na ComNet, a campanha serviu como base para a discussão sobre os tipos de divulgação que conseguem interagir com os jovens e o fato deles criarem os padrões nos ambientes virtuais, exatamente por serem os que mais produzem na internet. No geral, a participação na conferência foi uma oportunidade de discutir as melhores formas de envolver os jovens que vivem em um ambiente digital nas causas sociais e também como aprender com essa geração.
O Fundo Brasil se mantém atento às novidades relacionadas às mídias sociais e tem como uma de suas estratégias de comunicação a atuação em canais onde já existe um público engajado nas questões relacionadas aos direitos humanos, principalmente o Facebook, o Twitter e o site da fundação.
Textos, fotos, vídeos, gifs e infográficos compõem o conteúdo, baseado principalmente nas histórias dos projetos apoiados ao longo de dez anos e em ações de promoção e divulgação da filantropia para a justiça social. Atuamos cada vez mais utilizando o poder que a comunicação tem como garantidora de direitos, com a perspectiva de que comunicar é uma ação política de longo prazo e que é necessário perseverar na divulgação de uma mensagem, além de usar os instrumentos disponíveis para conhecer e conquistar a sociedade.


(*) é coordenadora executiva adjunta e coordenadora de relacionamento com a sociedade do Fundo Brasil de Direitos Humanos.
Ilustração: ipnews.com.br

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Os impactos da transformação digital no emprego e no trabalho


Como a Transformação Digital elimina seu emprego... e gera trabalho

Gabriela Viana (*)

Emprego e trabalho, até mesmo no dicionário, são palavras que têm uma variação importante no significado. Enquanto emprego é ocupar-se de algum serviço, o trabalho é estar em movimento/funcionamento. Um mundo que está se transformando radicalmente demanda por fluxo, movimento, interação. A pressão por movimento contínuo está modificando as relações sociais, familiares e, como não poderia deixar de ser, modificando fundamentalmente o trabalho.
Movimentos mundiais como a globalização e a disseminação em escala da Internet mudaram radicalmente o cenário dos negócios: 40% das empresas que faziam parte da Fortune 500 na década passada não figuram mais na lista nesta década. A geração nascida entre 1980 e 2000 já é hoje o maior grupo que forma a força de trabalho da maioria dos países (e a maior geração que os Estados Unidos, por exemplo, já teve), e suas prioridades e valores também estão modificando de maneira fundamental o ambiente de consumo e de trabalho. 
As empresas estão sob enorme pressão para realizarem mudanças que as permitam seguir sendo relevantes através do tempo. E o desafio para os profissionais é o mesmo: manter a relevância. E como fazê-lo em um mundo de constantes mudanças?

Como inovar no meu trabalho atual?

É necessário não interpretar a demanda por inovação como uma necessidade de criar uma ideia de 100 milhões de dólares por dia ou a de dominar toda e qualquer nova tecnologia a ser criada. Inovar é um modo de operar, de pensar e de estar no mundo. Como diria o cientista e escritor Max Mckeown, inovar é tornar ideias úteis.
Uma postura de solução é válida para grandes ou pequenos problemas. Quer uma sugestão? Sempre que for mencionar um problema ou dificuldade, veja se você não tem alguma solução para propor. O simples exercício de pensar em soluções - mais do que identificar e apontar problemas - já prepara você para uma nova postura. Troque a palavra inovação (mais vaga) por uma outra expressão: resolvo problemas. 
Desenvolva também maior abertura à tentativa e ao erro. Prepare sua organização - e seus times - para essa possibilidade. Negócios e pessoas refratários ao erro e à mudança não inovam. Não custa repetir a máxima: não inova quem não tenta (e quem não erra!).

Como me manter atualizado?

Todos temos o sentimento de estarmos constantemente desatualizados. Uma sensação com a qual teremos que nos acostumar, sem nos acomodarmos ou sem cedermos à distração total de boiar apenas na superfície dos assuntos - um dos efeitos colaterais da Internet (Don’t let Google make you Stupid**).
Se já estávamos acostumados a uma realidade em que o próprio mercado de trabalho tem maior impacto na formação de profissionais que o ensino formal, precisamos radicalizar o processo, tornando-nos também individualmente responsáveis por nossa contínua formação. Não podemos esperar uma nova geração chegar ao mercado de trabalho preparada. Essa tampouco é uma possibilidade com a velocidade das mudanças tecnológicas que vivemos.
Governos, empresas e indivíduos terão que atuar para preparar os trabalhadores para a nova demanda de um mundo que se transformou através da Internet. Prepare-se para montar e investir - você mesmo - em um percurso de formação contínua. A Internet é, nesse caso, um grande suporte e várias das instituições mais renomadas do mundo têm programas de ensino a distância. Procure e veja que até Kevin Spacey e Serena Williams dão aulas via plataformas digitais a valores acessíveis.
Torne-se independente do seu atual empregador - ou da sua instituição de ensino - no que se refere à sua própria formação.

Outros impactos da Transformação Digital e da consequente mudança geracional que vão impactar você como profissional

*Acesso substituindo a propriedade: uma das facetas simplificadas seria assumir que produtos/bens estão sendo substituídos por serviços - vide Uber, BlaBlaCar e AirBnb. Quando você precisa pendurar um quadro na parede, você precisa do furo ou da furadeira? Como repensar o negócio da sua empresa e, por que não?, seu próprio “negócio” como profissional, com essa provocação em mente?;

*Crowdsourcing e Economia Compartilhada: em um futuro nada distante e em busca de diversidade de habilidades, empresas verão mais valor em usar talentos via crowdsourcing do que os talentos que poderia manter “em casa”. Trabalhe para que seu talento seja desejável e ligue o botão da “contribuição”, independente do modelo de contratação;

*Populações mais longevas: uma radical mudança na pirâmide etária está em curso. A geração atualmente ativa no mercado de trabalho tende a uma vida produtiva mais longa que todas as gerações anteriores. Isso também significa que teremos que seguir investindo em nós mesmos - por mais tempo.

*Robótica e Inteligência Artificial: a tecnologia tende a substituir muitos dos empregos que existem hoje (não apenas os repetitivos e mecanizados, mas também aqueles que requerem atividades cognitivas). Esse também é um indício que não é a tentativa de dominar habilidades específicas de novas tecnologias que será um grande diferencial no longo prazo, mas sim uma maior capacidade de interpretação e domínio de conceitos.
Sejamos realistas: aquilo que hoje conhecemos por emprego está em extinção e não nos resta alternativa a não ser nos adaptarmos. Durante séculos, o trabalho foi visto e descrito como uma atividade desprazerosa e relegada às classes sociais inferiores. Pertencemos a uma época que passou a dar novo significado e nova escala ao trabalho. Mas estamos agora em um novo movimento, onde tampouco apenas trabalhar traz satisfação ou quaisquer garantias. Se nos dispusermos a uma outra forma de trabalhar (e isso significa dar novo significado e direção ao trabalho constantemente), podemos ter como resultado algo mais desafiador, menos mecânico, mais criativo – e, portanto, mais prazeroso.

(*) é diretora de Marketing Adobe para América Latina

**Artigo de Nicholas Carr no qual ele defende que o uso intensivo da Internet - e a característica de navegarmos rapidamente sempre de um conteúdo a outro não passando da "superfície" - está reconectando nossos cérebros de modo a dificultar a capacidade de concentração em assuntos de maior profundidade, leituras mais complexas e atividades que exijam maior concentração. 

Ilustração: Sottelli

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A NECESSIDADE DE SE ESTAR DESCONFORTÁVEL


Para ter sucesso, é preciso se aventurar no desconhecido

Silvia Bez (*)

Ao longo da vida nos acomodamos e criamos nosso próprio refúgio. Ficamos acostumados com a rotina e conformados com o estilo de vida e sempre os mesmos resultados, seja no ambiente familiar, social ou profissional. Isto é o que chamamos de “zona de conforto”.
A maioria das pessoas deseja cuidar melhor da alimentação, fazer exercício físico, deixar para trás o que não faz bem ou melhorar o que traz benefícios. Iniciar algo novo e trabalhar nas mudanças necessárias para transformar suas vidas. Entretanto, atitudes tão simples se mostram difíceis de fazer e falhamos na hora de executá-las. Por que isso acontece? A resposta é simples: qualquer mudança nos tira da zona de conforto.
A vida moderna é extremamente dinâmica e precisamos nos adaptar às frequentes mudanças. Isso é desconfortável e nos causa insegurança e ansiedade, mas é necessário. Precisamos estar dispostos e nos preparar para os desafios que aparecem todos os dias. É claro que estas rápidas mudanças nos causam insegurança. As relações sociais, profissionais e comerciais vivem em constante instabilidade e novidades surgem o tempo todo. E para aprender a lidar com esta situação, precisamos nos aventurar no desconhecido. Encarar o desconhecido nos comporta o risco de perder o controle da situação e, ao sair da nossa zona de conforto, entraremos em um terreno que não dominamos. Por isso, a tendência natural é a de continuarmos na mesmice do dia a dia, mergulhados em uma situação que controlamos.
Nossa mente e desenvolvimento pessoal estão diretamente relacionados com o poder de abandonarmos o conhecido, habitual a automático. Precisamos ter confiança, arrojo e determinação para crescer e aproveitar ao máximo as oportunidades que a vida nos oferece. Enquanto estiver dentro de sua zona de conforto, não estará crescendo nem aprendendo coisas novas. Fará as mesmas coisas de sempre, e, desse modo, irá conseguir somente o que sempre teve.

Portanto, para obter o crescimento pessoal você precisa ter atitudes que não está habituado, mas que são fundamentais para a mudança que deseja. Reflita sobre suas conquistas e perceba que resultados diferentes e significativos só aconteceram quando você fez algo novo. O novo assusta, mas é o que te levará ao sucesso.
Lembre-se sempre desta frase, de Steve Blank, escritor e empreendedor de grande sucesso: “Grandes empreendedores estão confortáveis em estarem desconfortáveis”. Por isso você precisa abandonar a sua “zona de conforto” se quiser crescer de verdade.

(*)  é palestrante motivacional, especialista em vendas e marketing pessoal, além de Master Coach. Formada pela Sociedade Latino Americana de Coaching e pela IAC (International Association of Coaching), é autora dos livros “Paixão em Vender – 5 Segredos do Vencedor”, “7 passos para se apaixonar pelo que faz” e “5 Passos para fortalecer sua Memória”. Site: www.silviabez.com.br

terça-feira, 11 de outubro de 2016

A ORIGEM DO MACARRÃO




Dia do Macarrão: a curiosa história desse alimento saudável e delicioso

Eduardo Marques (*)

A história do macarrão é cheia de curiosidades e lendas. Esse alimento tão gostoso, e que ainda é muito saudável, possui uma das histórias mais interessantes e cheias de mistérios de todo o universo das comidas. Só para contextualizar, no ano retrasado, a ex-presidente Dilma Rousseff instituiu no Brasil, uma data comemorativa que já era celebrada em diversos países pelo mundo todo, o Dia Nacional do Macarrão. A data, que é dia 25 de outubro, foi escolhida por ser o dia em que as empresas do ramo realizam, anualmente, doações do alimento a entidades beneficentes por todo o país.
O Brasil consome anualmente um milhão de toneladas da massa por ano, se colocando entre o 12º país que mais consome macarrão no mundo. Existe até um sindicato de produtores, o Sindimassas, no Espírito Santo, onde há mais de 180 empresas produtoras de massas alimentícias. Para comemorar esse dia e homenagear esse alimento tão adorado e tão importante para a dieta brasileira, decidi contar um pouco da história do macarrão, que é repleta de mistérios e curiosidades.
Para começar, um fato curioso é que hoje em dia consideramos a maioria das massas alimentícias como macarrão, mas nem sempre, e nem em todo lugar, isso foi assim. O espaguete, por exemplo, é considerado, ainda em alguns lugares, como uma massa diferente do macarrão, que por definição deve ser mais curto e até mesmo furado por dentro, como o penne e o cotovelo. Claro que hoje em dia, principalmente aqui no Brasil, essa divisão não é feita tão a ferro e fogo, porém ainda há coisas curiosas sobre o macarrão que ninguém sabe, ou entende de forma errada. Muitos acham, por exemplo, que o macarrão engorda, ou faz mal.
O macarrão é composto de 11% de proteína, é rico em vitaminas do complexo B e pode variar entre o comum, feito de farinha de trigo e água; de sêmola, feito com trigo nobre (tipo I); com ovos; grano duro, feito com trigo durum, integral; com vegetais e até caseiro, como muitos preferem. Hoje em dia, há ainda opções sem glúten. Os formatos variam em todos eles, como o fusili, o penne, o espaguete, o ravióli, etc. Mas se tem algo que eles compartilham é que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, o macarrão não engorda. Ele é uma fonte de energia e pobre em gorduras, além de ter zero de gorduras trans.
Já foi comprovado cientificamente que massas podem e devem constar em refeições diárias. O macarrão brasileiro é muito bem conceituado, inclusive entre os italianos, que são os que mais entendem do assunto, de acordo com a cultura popular. Entretanto, engana-se quem pensa que a iguaria foi inventada na Itália. Reza a lenda que o explorador italiano Marco Polo trouxe o macarrão da China para a Itália, durante o século XII. Porém, apesar de essa ser a mais famosa história sobre o macarrão, hoje se sabe que ele chegou à Europa muito antes, com os árabes, que já consumiam o spaghetti.
Outra lenda atribui aos próprios árabes a invenção da massa, que eles chamavam de itrjia, um tipo de spaghetti seco. O caso é que no fim de contas pesquisas do Instituto de Geologia e Geofísica da Academia de Ciências de Beijing, sob o comando do Prof. Houyuan Lu, comprovaram em escavações na Laija, província Qinghai, no noroeste da China, que já havia um precursor do spaghetti que data do período Neolítico, e era consumido pelo povo que viria a ser o chinês.
O achado mostra o macarrão dentro de uma vasilha virada de cabeça para baixo, soterrada por desastres naturais, três metros abaixo da superfície. Isso quer dizer que os árabes apenas levaram o macarrão para a Itália, muito antes de Marco Polo pensar em visitar a China e levar a iguaria pela Rota da Seda. Apesar disso, foi na Itália que ele atingiu seu ápice no preparo e ganhou maior popularidade.
Grande parte da fama da Itália ligada ao macarrão é justamente o fato de este ter sido um país que teve muitos imigrantes saindo para o mundo todo. Foi assim que ele chegou ao Brasil, por exemplo. Basicamente, as comunidades de imigrantes que se instalaram no sul e sudeste do Brasil são as responsáveis pela difusão dessa obra prima gastronômica por todo o nosso território. Não é a toa que por aqui produzimos o melhor e mais famoso macarrão do mundo (de fora da Itália), que é aprovado inclusive pela comunidade italiana.
O macarrão é um alimento tão gostoso que desperta a curiosidade. Por ele, existem pesquisas científicas que fogem do teor nutricional e partem para a arqueologia. Sua história é permeada por lendas e contos que vão de migrações dos árabes, ao fim das Cruzadas, até a trilha pela Rota da Seda de Marco Polo. E a ficção se mistura com a história nas viagens pelo mundo, deixando a Europa e a Ásia para alcançar o globo em grandes navios de metal, no fim do século XVIII. O macarrão é um alimento saudável, interessante e acima de tudo, muito saboroso. Que tal ele como sugestão de almoço para comemorar esse 25 de outubro?

(*) É CEO da franqueadora Let’sWok.

Ilustração: www.1001consejos.com

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O professor precisa ir além da abordagem tradicional de ensino


A formação continuada do professor

Ana Regina Caminha Braga (*)

O professor dentro da abordagem tradicional de ensino podia preencher o quadro negro com o conteúdo, as crianças copiavam e respondiam às perguntas ou realizavam os exercícios sem interromper ou questionar sua prática e permaneciam sem exemplificação para suas dúvidas, o que impedia uma melhor compreensão do assunto. Nessa abordagem, não havia espaço e nem autonomia de pensamento ou liberdade de expressão em sala de aula. O professor falava, transmitia o conteúdo, realizava as tarefas e os exercícios, e todo aquele conhecimento era recebido como absoluta verdade.
Por outro lado, na metodologia interacionista, o professor já pode ser visto de outra maneira, em função dos avanços da educação nas suas questões básicas em prol do conhecimento/aprendizagem, bem como dos Regulamentos e Leis que amparam todo o processo de ensinar e aprender. Dessa maneira, busca-se um ensino e uma prática diferenciados, em que o professor não esteja mais tão adepto da abordagem tradicional, mas compreenda a importância de interagir com seus alunos. Na sua prática pedagógica é possível construir um planejamento com possibilidades reflexivas, em que eles participam e contam com a mediação do professor no seu desenvolvimento/aprendizagem.
O docente não precisa deixar o que aprendeu com as abordagens anteriores, mas é oportuno utilizar uma metodologia e estratégia adequada para ensinar o conteúdo para seus alunos, de maneira que estes sejam motivados a aprender sem a necessidade da presença do professor/professora de forma dependente em suas atividades.
É compreensível que o professor encontre dificuldades em modificar suas práticas anteriores, mas é importante a elaboração de uma visão menos conteudista, em que os alunos apenas recebem as informações.  É preciso que eles consigam transformar a informação em conhecimento e construam um sentido e significado para cada aprendizagem e assim possam facilitar suas relações e inferências com o mundo.

A escolha adequada da metodologia em sala de aula facilita o andamento das atividades tanto para os alunos como para o professor, pois ele está inserido dentro de um contexto que contempla os objetivos do seu planejamento de aula. É preciso que o profissional tenha um espaço que lhe possibilita visualizar as facilidades e as limitações de cada conteúdo colocado para a turma.
O foco é proporcionar ao aprendiz uma prática pedagógica na qual ele tenha suas habilidades exploradas e a oportunidade de evoluir como aprendiz, estando preparado para desenvolver seu papel, superando obstáculos e refazendo-se quando for necessário para rever ou recomeçar o desenvolvimento das aprendizagens, sejam elas sistemáticas e assistemáticas.
Por isso, a importância do papel que precisa desenvolver dentro de sala de aula, considerando que, além do aluno permanecer parte do seu tempo em sala de aula, é de sua responsabilidade externar e evidenciar na prática pedagógica seu conhecimento teórico como profissional para planejar e organizar as atividades, o espaço e as estratégias a serem utilizadas com o objetivo de motivar o aluno a aprender, e dessa maneira construir um ambiente no qual ele possa desenvolver o maior número de habilidades possível.
Elaborar uma aula não é preparar uma bela lição em que se preveem as perguntas e as respostas dos alunos. É preparar-se para estar à escuta, para se adaptar aos modos de resolução, de raciocínio dos alunos para levá-los a que tomem consciência deles, com finalidade de modificar, fazer evoluir e fomalizá-los em competências transferíveis.
É importante que o professor esteja preparado para oferecer ao aluno uma prática pedagógica que o proporciona a autonomia ao desenvolver uma atividade. É preciso estar disponível para ouvir questionamentos, posicionamento quanto ao conteúdo transmitido para ter a facilidade e a habilidade de instiga-lo a superar aquilo que fora proposto em sala de aula.

(*) é escritora, psicopedagoga e especialista em educação especial e em gestão escolar.   (https://anareginablog.wordpress.com/)



quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Sobre políticas de austeridade



Políticas de austeridade

Amadeu Roberto Garrido de Paula (*)

Há mais de um modelo de política de austeridade. Entretanto, o pensamento político mundial só conhece um: apertar os cintos, sobretudo de trabalhadores e beneficiários da previdência social. Não negamos que, em determinado momento, o arrocho social deva ocorrer, enquanto última alternativa. Salvar empresas e fazer sofrer os produtores, liminarmente, é uma dialética burra e perversa.
Ao se falar em déficit das contas públicas, raramente se olha ao núcleo duro das causas. No caso brasileiro atual, a corrupção, o desvio brutal de dinheiro público, a primeira pergunta: o que fazer para recuperar parte substancial do objeto desses crimes?  Ao se dizer que a corrupção é o mais grave problema brasileiro, muitos divergem. É moralismo.  Mas, basta ver os números.
Corrupção se combate com a Justiça. O que percebemos é o destaque às investigações criminais. Contudo, moralismo e só querer combater com a cadeia. Mais importante é o pragmatismo do ressarcimento dos bilhões surrupiados dos brasileiros. E isso é possível, em prazo imediato, sem violar as garantias do estado democrático de direito. Acelerar a recomposição de nossas finanças, com o uso das leis atuais ou que podem ser propostas pelo governo de Michel Temer. Depois de muito tempo e apesar dos murmúrios das bocas malditas, somente agora se revela que o assalto aos planos de pensão de entidades públicas equivale a aproximadamente 1/3 dos bilhões da dívida pública.
Têm de ser buscados imediatamente. Ao que consta, até este momento "somente" 8 bilhões foram recuperados. Há o profundo buraco do BNDES e responsáveis que devem ressarcir o tesouro. Muito pouco se recuperou da Petrobrás. Os dirigentes de empresas privadas que contrataram com a administração pública estão presos. Ótimo, dizem os incorrigíveis moralistas, nem só pobre e preto vão aos cárceres no Brasil. E o dinheiro? Falamos do dinheiro dos aditamentos contratuais, inclusive de obras inacabadas, que está escondido em algumas grutas.
Em suma: punir criminalmente é mais espetaculoso. Mas, recuperar nosso dinheiro para vencer a crise, é muito mais importante. Ah, não se acham mais os bilhões. Tomaram doril. Quem possui o mínimo de experiência jurídica sabe que os processos cíveis são mais complicados que os criminais.  Porém, perguntem se alguém que teve sua bolsa roubada prefere mais sua reobtenção ou ver o ladrão na cadeia... Exsurgirá algum Sérgio Moro no plano cível?
No colonismo cultural em que vivemos temos a tendência de copiar tudo, até mesmo as políticas de austeridade, que derrubam os mais pobres e só lhes deixam as alternativas de protesto, como nas ruas de Paris. É um grande equívoco, que o governo Temer está prestes a cometer, insuflado por equivocados do PSDB.  Enquanto os ladrões riem, os pobres pagam a conta e fenecem. A pinguela pode desabar e cair no rio, como disse FHC. Depois recrudescerá o caos.
A coragem está em enfrentar-se os conglomerados econômicos que depauperam nosso País e, não, em enfrentar, com a ajuda da polícia, manifestações públicas. Em verdade, temos o rumo, sabe-se como agir com destemor, mas há o famigerado equilíbrio das forças políticas. Enfrentar os ladrões significa inviabilizar o governo. Logo, pau nos sem eira, beira e poder.
O raciocínio sobre a Previdência Social também corre às avessas. Fala-se dos efeitos drásticos de suas contas, mas a verdadeira causa de um Instituto Estatal de proporção continental, que poderia não ser esse gigante (o saudoso Montoro cansou de falar sobre a descentralização administrativa, em todos os campos), não é vista. Consiste numa máquina-tartaruga-gigante, que consome mais, como atividade-meio, que os benefícios da atividade-fim. E ainda se dá ao luxo de fazer tudo errado, a ponto de termos necessidade de abomináveis órgãos de justiça previdenciária. Não se trata, a reforma previdenciária, de sangria desatada, em ordem a gerar imprevisíveis conflitos sociais. O necessário é reformar, desde já, para não falir em alguns anos. Pelo menos, esse é o discurso oficial. Então, comecemos pelo ataque às verdadeiras causas, administração caríssima, reduzível à metade, andamento paquidérmico e, além disso, guiada pela desonestidade em relação aos segurados, cuja grande maioria percebe benefícios de fome.
Se for para mexer em benefícios, que se comece dos servidores públicos e, principalmente, dos cargos mais altos. Estes são ocupados por profissionais de elevada formação educacional, que podem passar essa herança a seus filhos, frequentadores das melhores escolas privadas. Não tem mais cabimento deixar generosas e quase que intermináveis pensões a dependentes nomeados. Todos conhecem a diferença abissal entre previdência privada, do regime geral, pública, e do regime nababesco, comparado à miséria do País. Ninguém quer começar por aí. Mais uma vez, a pinguela despenca.
Fomos afogados por medidas provisórias, desde o governo de FHC. A maioria inconstitucional, porque ausentes os requisitos de urgência e relevância. Na salvação nacional, óbvio que as medidas corretas são urgentes e relevantes. Portanto, ajustadas à Constituição. Por esse meio, afastaríamos grande parte dos interesses fisiológicos que inundam o Congresso Nacional.
Há um elemento comum nas políticas de austeridade. Coragem, como já disse Michel Temer, para quem quer entrar na história e não num campo de poder, sem reeleição. Se é verdade, veremos logo. Mas, pelo andar da carruagem, tudo o que foi dito acima parece não passar de um sonho no inverno de nossa desesperança.


(*) é advogado e poeta. Autor do livro Universo Invisível e membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.  

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A crise passa longe dos ricos


O mercado de luxo não sofre com a crise

 Adriano Tadeu Barbosa (*)

De acordo com pesquisas recentes e dados da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), neste ano de 2016 o mercado de luxo deve crescer entre 11 e 13% no Brasil. Segundo especialistas, isso acontece por um fato que nós conhecemos muito bem: o brasileiro gosta de comprar. Empresas que representam este mercado estão na contramão da crise. Quando tratamos de automóveis, por exemplo, o mercado de veículos gerais teve queda de 30% em 2015, enquanto as concessionárias de luxo registraram alta de 20% nas vendas no mesmo período.
Se formos analisar outros setores como os de joias e artes, vemos que os consumidores das classes A e B não abrem mão de atualizarem seus acervos, tanto que a procura por designers exclusivos e galerias de arte não recuou em algumas regiões do Brasil. O que podemos afirmar é que o índice de desemprego alto no país não atinge a estabilidade desta classe econômica, porque ela não depende de créditos, o que faz com que continue a consumir.
Pelo bom gosto apurado e por somente buscarem produtos de extrema qualidade, conhecendo muito bem as empresas que fazem parte deste mercado, os consumidores de luxo investem porque sabem que não enfrentarão problemas depois. Isso traz estabilidade neste setor mesmo em meio a um cenário não favorável para a maioria. A cidade de São Paulo é a maior responsável pelo consumo do mercado de luxo no Brasil, cerca de 60%, seguida do Rio de Janeiro, com 25%. Especialistas acreditam que, em 2025, Brasil, Rússia, China e Índia representarão 52% do mercado de luxo no mundo.
Nos últimos anos, o mercado de luxo no Brasil ganhou maturidade. Nós passamos daquela fase do luxo voltado para produto para uma fase mais evoluída, mais madura, do luxo voltado para serviços. Aquele luxo da ostentação, das coisas muito caras, está cedendo lugar a um luxo experiencial. O que abre espaço neste mercado de 32% dos 200 milhões de brasileiros. Segundo o IBGE, 64 milhões de habitantes estão entre as classes A e B no Brasil, concentradas nas regiões sul e sudeste, mas que também se situam nas outras regiões deste grande país. Todos em busca de excelentes produtos, serviços e experiências, a nova versão do mercado de luxo.
Poder usufruir de algo inesquecível e em alguns casos, inexplicável, como um jantar romântico nas alturas, viajar seguindo a aurora boreal, desfrutar de um assessor pessoal para todas suas atividades burocráticas, está na lista destes consumidores experientes no bom atendimento e experts em qualidade. Assim, para continuar a desenvolver serviços e produtos às expectativas deste seleto grupo, e para entender como o comportamento das classes A e B reage neste mercado, o aprendizado contínuo e a atualização dos profissionais são fundamentais.

(*) é supervisor do GBA internacional Mercado de Luxo do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE). Ilustração: www.webluxo.com.br 





quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Silvia Bez analisa as mudanças na gestão das pessoas


"Líder humano" substitui "chefe frio" na nova era corporativa

Silvia Bez (*)

Ao longo dos últimos anos, diversas mudanças vêm ocorrendo no mundo corporativo, especialmente na gestão de pessoas. A hierarquia e a frieza na relação com os colaboradores perderam espaço para uma liderança horizontal, com menos autoridade e mais parceria e sensibilidade com toda a equipe.
Para ter sucesso nos negócios, a primeira coisa que a empresa deve fazer é se preocupar com o bem-estar de seus profissionais e contar com líderes mais humanizados. Abaixo, listo 5 características fundamentais da nova era da gestão:
1) Humanização: Mesmo vivendo na era da globalização e da informatização, o gestor não pode esquecer que seu colaborador não é uma máquina, portanto, é necessário valorizá-lo primeiramente como ser humano. Todos terão dificuldades e, para superá-las, eles vão procurar apoio no líder.  Assim, o gestor deve usar as melhores habilidades de cada um para fazer com que todos cresçam não somente na empresa, mas também em suas vidas pessoais.
2) Práticas certas: Não adianta exigir bons resultados se a prática ensinada estiver errada. Ela pode ser repetida inúmeras vezes, mas, se o gestor não direcionar a equipe para o caminho certo, os objetivos não serão alcançados. Consequentemente, os colaboradores nunca farão o trabalho da maneira que deve ser feita.
3) Incentivo x Motivação: Não parece, mas são coisas distintas. A motivação vem de dentro do profissional e o que a faz crescer é o incentivo que a empresa oferece. O gestor não pode motivar o colaborador, mas pode incentivar com atitudes, como valorizar seu trabalho, entender suas necessidades e ajudá-lo em suas dificuldades. Mostrar que ele é importante para a empresa já é um grande fator para aumentar sua motivação!

4) Parceria: O grande erro de muitos gestores é pensar sozinho e não dar voz às ideias de seus liderados. Para que o trabalho dê certo, é preciso que exista uma parceria na equipe. Portanto, o líder deve procurar sempre se manter disponível, fazendo com que todos se sintam partes integrantes da tomada de decisões. O simples fato de saber que podem contar com o líder já traz a segurança que precisam para realizar os projetos com precisão. Quando o liderado se vê “dentro” do projeto há, por parte dele, um maior comprometimento.
5) Gestor Coach: Um gestor lidera e orienta seus colaboradores. Um gestor coach pratica todos os passos citados anteriormente e vai além. Ele identifica as competências e habilidades individuais e consegue extrair o melhor de seus liderados. Além disso, o gestor coach entende as principais capacidades e as usa de forma que beneficie toda a equipe, ao mesmo tempo em que ajuda o grupo a superar as dificuldades. Resumindo: ele se torna um parceiro de seus liderados. Assim, juntos, entregam os melhores resultados para a empresa.

(*) é palestrante motivacional, especialista em vendas e marketing pessoal, além de Master Coach. Em seu trabalho, sempre foca o lado humanista. Formada pela Sociedade Latino Americana de Coaching e pela IAC (International Association of Coaching), é autora dos livros “Paixão em Vender – 5 Segredos do Vencedor”, “7 passos para se apaixonar pelo que faz” e “5 Passos para fortalecer sua Memória”. Site: www.silviabez.com.br


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Um chef de cozinha condena a "gourmetização"


O fim da era da “Gourmetização”

Guilherme De Rosso (*)

Coxinha gourmet, pastel gourmet e brigadeiro gourmet. Gourmet, gourmet, gourmet. A palavra ganhou tanta força no Brasil que tudo o que você possa imaginar ganhou uma variação “gourmetizada”. É claro que com tanta “gourmetização”, as pessoas acabariam enjoando. Hoje, o que os clientes buscam nos estabelecimentos, nada mais é que comida de qualidade, seja ela qual for, com preço justo e sem muita frescura.
Sempre achei o termo mal utilizado, vejo algo com “Gourmet” na descrição e torço o nariz. Na grande maioria das vezes, um prato tradicional acaba sendo preparado com técnicas um pouco mais sofisticadas, ou com ingredientes mais caros e de melhor qualidade, o que nem sempre é verdade, e por conta disso acaba ganhando a denominação “Gourmet”. Quando na verdade continua sendo o bom e velho prato tradicional de sempre.
Mas porque isso acontece? Simples, porque muitas vezes, as pessoas mal informadas, acabam achando que um Pão com Bolinho “Gourmet” é muito melhor do que um Pão com Bolinho simples, tradicional, e acabam aceitando pagar muito mais caro por isso. O fato é que o Pão com Bolinho “Gourmet”, ou qualquer outro prato com essa denominação, nada mais é que o prato feito de forma diferente, ou uma releitura do mesmo. Não existe uma lei universal com os ingredientes exatos e quantias perfeitas para poder se chamar "pão com bolinho”.
O fim da “era da gourmetização”, para mim, era uma questão de tempo. Tempo para que as pessoas pudessem ir atrás de mais e novas informações e entender o que é algo “Gourmet”, e não simplesmente pagar mais caro por um prato enfeitado, em um restaurante “A", quando os ingredientes e técnicas usadas são as mesmas de um restaurante “B".
O que o público deve buscar e tem feito, são pratos feitos com amor, com ingredientes de qualidade (nem sempre os mais caros), técnicas que façam com que os sabores sejam realçados, e uma apresentação que faça você salivar sem sequer usar o garfo ainda, sem precisar usar enfeites caros que não fazem o menor sentido no sabor do prato. Mas isso não precisa ser o prato mais caro ou nem o mais barato, mas sim, o justo.
Esqueçamos a atual situação financeira do Brasil, onde o feijão está sendo vendido a peso de ouro. Para que isso cresça ainda mais, o público deve ir atrás de mais e mais informações corretas, e assim tem base de comparação e poder analisar e decidir o que é “justo” no mundo gastronômico.

Essa é minha visão, num mundo onde as informações são encontradas cada vez mais facilmente e a gastronomia tão globalizada, o público está ficando cada vez mais exigente, sabendo o que é bom de verdade e o que é apenas “gourmet”. Ficar de fora desse mundo depende inteiramente dos consumidores e donos de bares e restaurantes.

(*)  é formado pelo curso de Chef de Cuisine - Restaurateur do Centro Europeu e se especializou no Italian Culinary Institute for Foreigners (ICIF), da Itália. Após alguns anos na Europa e experiências em restaurantes com estrelas do Guia Michelin, Guilherme retornou para o Brasil para comandar o boteco Simples Assim, em Curitiba.


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Energia limpa é a bola da vez



A vez da energia limpa

Janguiê Diniz

É na crise que surgem as grandes oportunidades.
Muito tem se falado da crise econômica que assola o país deixando milhares de desempregados e causando recessão em vários setores da economia. Entretanto, apesar do atual quadro econômico, a frase com a qual abri esse texto é uma realidade para o setor de energia limpa, como as de geração de energia eólica e solar, que continuam mostrando dinamismo e projetando crescimento para os próximos anos, registrando bons níveis de desenvolvimento e atraindo investidores.
O Brasil é o sétimo país do mundo que mais investe em energia limpa e o sexto mais atrativo devido às condições naturais. Atualmente, somos o quarto maior produtor de energia eólica no mundo, ficando atrás apenas da China, Alemanha e Estados Unidos, respectivamente. Entretanto, essa não é a principal fonte energética do nosso país.
A liderança energética no Brasil ainda é da energia hídrica, que responde por 66,7% da produção, seguidos por combustíveis fósseis (17,5%), biomassa (8,8%) e energia nuclear (1,3%), segundo dados da Aneel. Vale ressaltar que a energia eólica é a segunda fonte mais barata, sendo superada apenas pela hídrica, e apesar disto, hoje, representa apenas 5,81% da produção.
Além de garantir a segurança do sistema elétrico, os baixos custos fazem a energia eólica ser altamente competitiva. Tal informação tem respaldo nos resultados de crescimento global do setor, que, mesmo em tempos de crise, colocou o Brasil na 10ª posição no ranking mundial de capacidade instalada em 2015. Foram R$ 20 bilhões em investimentos e 41 mil empregos gerados.
É impressionante o nível de crescimento dos segmentos eólico e solar, que crescem a taxas de dois dígitos por ano e, com alto potencial de expansão. Juntos, ambos devem criar 828 mil empregos até 2020. Além dos estímulos públicos e de compromissos ambientais internacionais, o fator que está gerando esse grande crescimento é a redução no custo de implantação, graças ao ganho de escala e inovações tecnológicas.
A iminência de uma crise climática coloca desafios sem precedentes a todas as nações. Há um forte movimento mundial para se reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, como o carvão mineral, gás natural e o petróleo, e aumentar a participação das energias renováveis.
De acordo com o Greenpeace, o Brasil pode ter sua matriz energética majoritariamente limpa até 2050. Segundo o relatório [R]evolução Energética, daqui a aproximadamente 30 anos, a matriz pode contar com 66,5% de fontes como vento, sol e biomassa para alimentar os setores elétrico, industrial e de transportes.
O alto índice de crescimento do setor de energia limpa é justificado por uma série de fatores, não apenas a crise econômica e o baixo custo de produção. O segmento tem unido todas as características que propiciam o desenvolvimento em qualquer setor: baixo custo, oportunidade, tecnologia e projeção de longevidade do negócio.
O Brasil tem recursos naturais de sobra para se tornar uma potência energética limpa. Ao contrário do que acontecia no passado, as energias renováveis – em especial a solar e eólica – são mais competitivas que o carvão e ainda utilizam recursos locais e criam mais empregos. Utilizar a energia renovável agora é mais uma vantagem econômica e capaz de reduzir a dependência de combustíveis importados.

(*) Mestre e Doutor em Direito – Reitor da UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau – Fundador e Presidente do Conselho de Administração do Grupo Ser Educacional – janguie@sereducacional.com


terça-feira, 16 de agosto de 2016

A farsa do aquecimento global


240 trabalhos científicos em seis meses derrubam “consenso” sobre o catastrofismo climático

Luis Dufaur (*)

No primeiro semestre deste ano  foram publicados em jornais acadêmicos 240 trabalhos científicos, revistos por pares (peer-review), pondo em dúvida o “consenso” do “aquecimento global” atribuído a causas humanas. Em outras palavras, esse “consenso” não existe ou pertence ao mundo da fantasia.
Quase 250 trabalhos contestaram esse tabu do catastrofismo ecologista em 2014. E em 2015 mais de 280 estudos também puseram em dúvida esse “consenso”,  que só existe por imposição de governos e órgãos mundiais.
É assim que, desde janeiro de 2014, chegam a 770 os trabalhos científicos “peer-reviewed” que esvaziam o fajuto “consenso” sobre o CO2 enquanto determinando as mudanças climáticas. Esses 770 estudos evidenciam que os modelos climáticos e as predições de futuras catástrofes atmosféricas embutem graves limitações e incertezas.
A volumosa produção evidencia com vigor a influência não-antropogênica no clima. Tantos trabalhos deveriam minar a agressividade do IPCC e de outros arautos do catastrofismo climático desejosos de encerrar a discussão científica e por em andamento uma espécie de luta de classes contra os produtores agropecuários. Mas, não tem jeito, os extremistas do catastrofismo instalados em governos e órgãos internacionais não querem saber de conclusões adotadas pela ciência e referendadas pelo bom senso. A utopia de um comunismo futurista anarco-tribalista os deixa como que hipnotizados por uma teologia fanatizada e arbitrária.


 ( * ) é escritor, jornalista, conferencista de política internacional e colaborador da ABIM-Agência Boa Imprensa – (ABIM)

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Sugestão para melhorar o estágio no Brasil


Como melhorar o estágio no Brasil

Marcus Garcia (*)

Criado para complementar a formação acadêmica, o estágio no Brasil acabou perdendo seu objetivo educacional com o passar dos anos. Uma cultura secular arraigada em nosso país parece pensar que estagiário é sinônimo de mão-de-obra de baixo custo. Uma espécie de ‘faz tudo’ e ‘pau para toda obra’ que é contratado sob os auspícios de aprendizado, mas que não se mostra efetivo. 
Uma explicação para isso pode ser a elevada carga tributária brasileira associada às pesadas contribuições sobre salários, que tornam a operação das empresas muitas vezes um desafio. A Lei 6.494 de 1977, que regulamentava a situação dos estagiários, deixava enormes lacunas, o que permitia às empresas contratar estagiários com isenção dos encargos sobre os salários para cumprirem funções e papéis que não tinham relação com seu curso de formação. A nova lei do Estágio (11.788 de 2008) corrigiu erros da antiga e regulamentou a atividade, mas ainda existe o ‘jeitinho brasileiro’, ou seja, continuar contratando estagiários beneficiando-se das isenções, mas sem o compromisso com o processo de aprendizagem favorável à formação do jovem.
Além disso, também existe a reclamação das empresas que dizem receber estudantes com pouca formação acadêmica. Para resolver esse problema, algumas organizações criaram os Programas de Trainee. Neste modelo, as empresas selecionam profissionais que estejam formados em até, no máximo, 24 meses e os preparam para atuação em posições de gestão. É uma resposta das empresas à fragilidade de formação e modelo de preparação que as instituições de ensino ofertam.
Outra solução seria a chamada Aprendizagem Cooperativa ou CO-OP. Esse modelo vem sendo aplicado com excelentes resultados na Universidade de Waterloo, no Canadá, e adotado em outras Universidades mundo afora. A Aprendizagem Cooperativa é baseada em pesquisas que defendem a necessidade de cooperação como condição de desenvolvimento e progresso. Funciona com a revisão dos programas de ensino e aprendizagem que faz uma intercalação entre períodos letivos e momento com imersão total no mundo do trabalho, realizando avaliações e supervisão permanentes. O estudante consegue alternar estudo com prática, fazer rodízio de funções, explorando opções para carreira e construindo um networking.
Nessa modalidade, as empresas identificam talentos e ganham com as novas ideias e motivação dos estudantes. As instituições de ensino que oferecem essa possibilidade atraem mais estudantes, com aumento da visibilidade e reputação, já que proporcionam enriquecimento da comunidade educacional com graduados bem preparados e projetos colaborativos com os empregadores.
Mas, o que seria ideal no Brasil? É necessário que o sistema de estágio seja adequado a cada realidade social, cultural e local. Quando um sistema é suficientemente flexível para permitir adequações a cada realidade, boas experiências podem ser obtidas e bons resultados conquistados. Para isto, é fundamental que o estudante aplique no mundo do trabalho os conceitos que aprendeu na escola. E para a empresa deve ser visto como um investimento na renovação da organização, com as ideias e entusiasmo do jovem, que trará da escola novas visões de mundo que poderão ser adequadas à realidade corporativa. Para isto ocorrer, a empresa precisa estar aberta ao novo e a escola deve efetivar seu papel formativo e se beneficiar das experiências das organizações para rever permanentemente seus currículos e práticas.

(*) É especialista em inteligência motivacional e gestão de pessoas, e atua como professor do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), de Curitiba (PR).


quarta-feira, 3 de agosto de 2016


Indústria 4.0: a revolução industrial dos tempos modernos

Por André Villar (*)

Amplamente estudada nos livros de história, a Revolução Industrial teve papel fundamental para o desenvolvimento da indústria em todo o mundo e na formação do modelo de capitalismo que temos hoje. Mais de trezentos anos depois do início deste movimento, em pleno século XXI, uma nova revolução está em curso, e mudando outra vez os métodos fabris e o curso da história. Esse fenômeno diz respeito ao uso de alta tecnologia na gestão dos processos de fabricação, dando origem à chamada Indústria 4.0.
Mas antes de analisar com mais profundidade este conceito, é importante lembrar como a primeira revolução impactou as indústrias no Brasil.
Na Inglaterra, o processo de Revolução Industrial teve início em meados do século XVIII, espalhando-se pela Europa neste mesmo período. O Brasil nesta época era colônia de Portugal e sofria os efeitos do Pacto Colonial imposto pela coroa portuguesa.
Somente no final do século XIX, inicio do século XX, deu inicio a revolução industrial brasileira. Liderada pela região Sudeste, principalmente São Paulo com o financiamento provido da cultura do café.
No começo da década de 1940 houve grande avanço industrial sintetizado aqui pela criação de algumas empresas brasileiras como Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Companhia Vale do Rio Doce e Fábrica Nacional de Motores fomentado pelo governo de Getúlio Vargas e com o pioneirismo de Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que é considerado o grande primeiro industrial brasileiro, sendo o responsável pela primeira fundição de ferro, primeira ferrovia e primeiro estaleiro do Brasil.
Desde então a indústria nunca parou de se modernizar, passando por três revoluções nos anos de 1780, 1870 e 1970.

Uma nova revolução

Com passar do tempo e com o advento de novas tecnologias passamos a ter a quarta revolução industrial, possibilitando aumento da produção com redução de custos operacionais de forma significativa.
Nos tempos atuais temos algumas variáveis que devemos considerar ao falarmos de evolução industrial como aumento significativo da competitividade, globalização exacerbada, imprescindível necessidade de conquistar novos mercados, fortalecimento e expansão de mercados já conquistados, tudo impulsionado pela crise brasileira em que vivemos atualmente.
A quarta revolução industrial é chamada de Indústria 4.0, onde o emprego de tecnologia como Sistemas Cyber-Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços faz com que os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis, a ponto da própria fábrica tomar a decisão de quando e o que deve ser produzido.
A Indústria 4.0 pressupõe que todo o processo e tecnologia envolvida esteja interligada de ponta a ponta, ou seja, desde o nascimento da necessidade de um cliente, materializado pela efetivação de uma venda até a entrega do produto para o cliente.
A Indústria 4.0 traz a possibilidade da existência de uma cópia virtual das fábricas, permitindo a rastreabilidade e monitoramento remoto de todos os processos por meio de inúmeros sensores espalhados ao longo da planta ou até mesmo da produção de acordo com a demanda, acoplamento e desacoplamento de módulos na produção. O que oferece flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas facilmente.
Esse aproach traz uma nova visão de como podemos gerir as fábricas, pois permite empregar o conceito do Just in time em um nível superior e mais aprofundado ao que é utilizado hoje, baixando ainda mais os custos de produção e reduzindo o tempo de fabricação e entrega para o cliente final.
Outro importantíssimo aspecto nesse contexto é a possibilidade de trabalhar com alto volume de dados não formatados para direcionar a força de venda de maneira mais assertiva através do acoplamento de um sistema de Big Data.
Toda essa revolução industrial dos tempos modernos traz condições mais favoráveis para o enfrentamento da crise econômica e principalmente coloca a indústria que a utilizar na vanguarda dos tempos modernos aumentando o poder de venda e reduzindo significativamente os custos diretos e indiretos de produção.
A conclusão que se chega é que sempre é tempo de investir com o objetivo de tornar os processos mais eficientes e eficazes, e a produção menos custosa e mais efetiva. Isso fará a diferença e trará a companhia para a vanguarda dos negócios, permitindo não somente que a mesma sobreviva em tempos difíceis mas também se fortaleça.


(*)  é gerente de produtos da Art IT, especializada em soluções e serviços de TI.