quinta-feira, 30 de junho de 2016

Por uma nova forma de estado


O que esperamos do novo governo

Levi Ceregato (*)

Esperamos que o presidente em exercício Michel Temer adote as soluções consensuais defendidas pelos setores produtivos, para que o Brasil possa iniciar o mais rapidamente possível um processo de recuperação. É premente a retomada do investimento público e privado em infraestrutura produtiva, social e urbana, incluindo o setor de energia, como petróleo, gás e fontes alternativas. Também é importante destravar o setor da construção, sem prejuízo das investigações, julgamento e aplicação das devidas penas aos responsáveis por atos de improbidade.
Outra providência urgente é resgatar a competitividade da indústria de transformação, visando ao aumento da produção e das exportações. Nesse contexto, são prementes políticas de incentivo às cadeias produtivas e voltadas à reindustrialização do Brasil. É necessário trabalhar para equalizar o câmbio, pois o dólar muito baixo limita as exportações e muito alto, encarece muito os insumos importados. Temos o exemplo da indústria gráfica, que tem pago elevado preço pelo papel importado, devido à elevação do dólar, e enfrenta reajustes muito elevados também da matéria-prima nacional.
Entendemos ser urgente, ainda, ampliar o financiamento de capital de giro para as empresas, bem como adotar políticas de fortalecimento do mercado interno para incremento dos níveis de consumo, emprego, renda e direitos sociais.
Seguem sendo necessárias reformas estruturais do regime tributário, da previdência e trabalhista. Esta, aliás, se tornou prioridade absoluta após a reoneração da folha de pagamentos em numerosos setores, que entrou em vigor este ano. É importante lembrar que isso significa mudança das regras do jogo, evidenciando um dos problemas mais graves enfrentados pelas empresas: a falta de previsibilidade no Brasil, uma distorção antiga, remanescente à década de 60 do século passado.
Não se consegue planejar em nosso país, o que já cria dificuldades significativas em tempos de prosperidade. O que dizer, então, no contexto de crises, nas quais a previsibilidade e o planejamento são essenciais para a busca de soluções? A cultura do improviso instalou-se corrosivamente no Estado brasileiro, somando-se a outros vícios que precisam ser extirpados, como a improbidade, a irresponsabilidade fiscal e o fisiologismo. É de se esperar que o novo presidente ataque tudo isso com determinação e coragem.
Ao completar 31 anos em 2016, considerando o início de um governo civil em março de 1985, a bem-vinda reconquista da democracia precisa, agora, reverter-se numa nova dimensão de Estado, voltado ao cumprimento efetivo de sua missão constitucional, que é servir ao povo e não se servir dele.


(*) é presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional).

terça-feira, 28 de junho de 2016

O foco faz diferença


Onde você foca faz toda a diferença

 Erik Penna (*)

"É feliz quem valoriza o que tem. É infeliz quem valoriza o que falta."
(Spencer Johnson)

Certa vez, encontrei um amigo que trabalhava como motorista numa empresa de transporte de cargas, perguntei como estava a vida e ele me respondeu que andava desmotivado. Reclamou do excesso de trabalho, das viagens intensas e disse que não estava feliz, pois, nesse período, quase não tinha tempo para aproveitar a convivência com a família e não conseguia curtir momentos especiais ao lado do filho único.
Encontrei esta mesma pessoa seis meses depois e perguntei como estava. Ele me respondeu que se encontrava desmotivado, explicou que seu ganho mensal havia diminuído bastante, afinal, ganhava uma comissão sobre cada trajeto que fazia e que, devido à crise econômica, o número de viagens caiu e tinha dias que nem saía de casa.
Repararam onde está a lupa desta pessoa? No negativo, no que falta e, por isso, nas duas ocasiões ele me respondeu que estava desmotivado.
Vamos às mesmas situações com outros olhos, agora com um foco mais positivo.
1- Na primeira situação, uma pessoa otimista poderia responder que estava feliz e motivada com o trabalho intenso, pois isso lhe proporcionaria uma grana extra para fazer uma reserva financeira e realizar a compra de um produto que sempre desejou.
2- No segundo caso, ele poderia responder que estava feliz e motivado, pois apesar do volume de viagens ter diminuído consideravelmente, estava aproveitado o tempo livre em casa para curtir intensamente cada momento com a esposa e filho. Inclusive, tem se beneficiado deste período para fazer programas incomuns, como passear no parque e ir ao cinema com a família, já que há muito tempo não faziam isso juntos.
Repare que a situação com foco no negativo foi a mesma nos dois casos e em ambos meu amigo disse que estava desmotivado e infeliz, sendo que, com um olhar positivo, ele poderia aproveitar o melhor que cada fase tinha para oferecer.
Qual é a diferença básica entre os casos, levando em consideração que a situação é a mesma em ambos? A questão decisiva está em onde colocamos a lupa da nossa vida, se enfatizamos o que temos ou o que nos falta.
Não permita que a preocupação com alguma situação lhe tire o que há de especial em cada dia. Aliás, quando você se deitou ontem, lembrou-se de agradecer por mais um dia de vida?

Se o seu olhar tem sido mais pessimista, segue uma dica: crie o hábito diário de anotar numa folha de papel ou no celular qual foi a melhor notícia do dia, assim, você passará a procurar, encontrar e enfatizar pontos positivos que antes passavam sem que percebesse.
Aproveite cada momento para ser feliz, até porque eu penso que a felicidade não está num lugar aonde a gente chega um dia, mas sim, no caminho que percorremos diariamente.
Eu mesmo, quando sigo de uma palestra para outra, fico sozinho nos aeroportos esperando horas e horas por voos e conexões. Ao invés de ficar reclamando do salão de embarque lotado, das longas filas ou da espera pelo embarque, prefiro focar em tornar estes momentos produtivos. Então, aproveito para ler o jornal do dia, acessar a internet quando há sinal disponível, atualizar alguns slides da minha apresentação ou ainda escrever um texto como este. Portanto, antes de reclamar pare para pensar: “Será que eu poderia aproveitar este tempo para fazer algo ou vivenciar uma ocasião especial?”.
Outro dia, um professor perguntou em sala de aula: “Qual é o movimento do pêndulo do relógio?”. Um aluno respondeu: “Ele vai e volta”. E o professor disse: “Na verdade, o pêndulo vai e vai, afinal, o tempo nunca volta, só vai e vai para frente”. Portanto, seja feliz hoje. Viva intensamente cada minuto!


( * )é palestrante motivacional, especialista em vendas, consultor e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender”, “Motivação Nota 10” e “21 soluções para potencializar seu negócio”. Site: www.erikpenna.com.br

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Economia criativa e mercado




A Economia Criativa e as oportunidades de mercado

Ronaldo Cavalheri (*)

O Brasil é o quarto consumidor de jogos digitais do mundo, sendo um importante empregador de mão de obra especializada e se fixando como um mercado bilionário, com expetativa de crescimento de 13,5% ao ano, segundo pesquisa encomenda pelo BNDES. Com mais de 60 milhões de usuários, esse mercado vem ampliando o seu perfil de consumo, que até então era em sua grande maioria de público jovem masculino e hoje já conquista mulheres, crianças e idosos. Muito disso se explica pela facilidade de acesso aos smartphones e as redes sociais, além é claro da utilização de games em muitas outras áreas como na educação, nos negócios e na medicina, não sendo mais uma exclusividade voltada apenas ao entretenimento.
Outro mercado em ascensão é do audiovisual. Em 2011, foi regulamentada pelo Congresso Nacional a Lei 12.485, que determina a veiculação de conteúdos nacionais e inéditos na programação das televisões por assinatura. Com isso, além de valorizar a cultura local a produção audiovisual no Brasil, o segmento ganhou ainda mais espaço e já se posiciona a nível global como a 12ª maior economia nesse mercado que corresponde por 0,57% do PIB brasileiro. Em pesquisa realizada pela Ancine, foi apontado um crescimento de 65,8% entre os anos de 2007 e 2013, um salto de R$ 8,7 bilhões para R$ 22,2 bilhões, uma evolução bem superior aos outros setores da economia. 
E liderando o ranking de crescimento no Brasil, temos a indústria da moda. Nos últimos 10 anos, o varejo de moda fez com que o país saltasse da sétima posição para a quinta no ranking dos maiores consumidores mundiais de roupas. Uma pesquisa realizada pela A.T. Kearney, renomada empresa de consultoria empresarial norte-americana, aponta uma arrecadação de US$ 42 bilhões em vendas, sendo que 35% é através de capturas online, sendo facilmente explicado pelo poder de influência das redes sociais e blogs de formadores de opinião dessa área. 
O mercado dos Jogos Digitais, do Audiovisual e da Moda são apenas três exemplos dos 13 segmentos que englobam o que chamamos de Economia Criativa.  Um setor da economia que vem ganhando destaque e driblando o cenário atual de crise pelo qual o Brasil vem passando. São empresas que se destacam pelo talento e pela capacidade intelectual de seus empreendedores e funcionários, e que não dependem do tamanho da sua estrutura ou de quanto tem de capital.
O Brasil, de certa forma, vem dando seus primeiros passos para se fixar nessa economia. Países como EUA, China e Inglaterra já se consolidaram e juntos já correspondem a 40% da economia criativa global. Muitas cidades no Brasil já possuem iniciativas de estimulo à Economia Criativa, como por exemplo, Recife, Porto Alegre e São Paulo. A cidade de Curitiba, também, se destaca como uma das mais atuantes, e por meio da Agência Curitiba de Desenvolvimento, circula por todo o ecossistema que engloba a economia criativa, conectando coworkings, startups, iniciativas públicas e privadas e estimulando o empreendedorismo de alto impacto. 
A Economia Criativa, que hoje já apresenta uma média de remuneração superior a outros setores, será um dos grandes empregadores em um futuro breve. E as cidades que enxergarem essa oportunidade, sairão na frente. O olhar sobre a formação de seus jovens, que é a geração que mais impulsiona esse mercado, é um fator decisivo para o melhor aproveitamento de uma fatia do mercado na qual o maior recurso é o potencial criativo.


(*) é Coaching de Negócios Criativos e Diretor Geral do Centro Europeu – escola pioneira em Economia Criativa no Brasil.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Uma opinião sobre educação familiar


SUBLOCANDO O AMOR DOS FILHOS

 Jacinto Flecha
  
A maioria das minhas colegas de serviço tinha aquele emprego para educar os filhos. Variavam muito os salários, o número de filhos e outras condições, mas me espantava todas pagarem a alguém para tomar conta deles. Pelos meus cálculos, muitas usavam a maior parte do salário para isso. Não conheci nenhuma das babás, mas tenho todo o direito de imaginá-las com nível de educação inferior ao das minhas colegas. E eu cogitava se não seria melhor passarem a educar pessoalmente os filhos, enquanto trabalhassem em casa para ajudar os maridos nas despesas. Trabalhos domésticos rendosos não faltavam (e continuam não faltando), portanto...
Uma ou outra de minhas leitoras pode ter reações violentamente contrárias:
         (O que está pensando esse cara? Por acaso conhece a minha situação? Como se atreve a julgar minha vida, se nunca contribuiu para melhorá-la?).
         Tudo bem, acalmem-se essas leitoras, pois minha intenção é mesmo ajudá-las.
         (Vai pagar minhas despesas? Custear a escola para os meus filhos?).
         Não, prezada leitora, meu assunto não é dinheiro, é felicidade, coisa muito melhor e mais importante. Se você passa a maior parte do tempo longe dos filhos, algumas consequências são inevitáveis: Os filhos terão menor afinidade e afeto por você; a educação deles não será tão boa quanto você daria ou deseja dar; estando longe deles, sua preocupação será constante; instabilidade emocional quase sempre lhe fará companhia, prejudicando também sua produtividade no serviço.
Consequências como essas passaram longe de você? Se a sua experiência é diferente, deve ser uma exceção. Tenho muitos elementos, aliás, para crer que não há exceções. Estatísticas sérias afirmam que as mães não conseguem desvincular-se dos filhos, mesmo estando a grande distância. Prosseguir o trabalho, sabendo de riscos que eles podem estar correndo ou provocando naquele exato momento, eis uma das maiores causas de instabilidade emocional dessas mães. A consciência nunca deixa de acusar, e o resultado psicopatológico frequentemente se manifesta.
Se a mãe subloca para outro a educação dos filhos, a afeição deles se desloca para esse outro. Já li inúmeros relatos de crianças que, por circunstâncias diversas, foram educadas por outra pessoa, longe dos pais. Depois de adultos, mesmo vindo a reencontrar os pais, mantiveram afeição maior pelas pessoas que os educaram. Uma criança mal saída do berço não tem capacidade para entender a diferença.
Nosso mundo cheio de tecnologias “miraculosas” inventa aparelhinhos e recursos diversos para as mães exercerem alguma vigilância; comprovando, aliás, a necessidade delas no lar. Mas isso resolve os problemas? Não, não resolve. Se você permanece longe dos filhos, esses aparelhos só atrapalham. São aparelhos atraentes, aliciantes, mas o resultado é você se tornar cada vez mais dispensável. É isso que você quer? Crianças sem o uso da razão não distinguem claramente entre a mãe e o aparelho que, por exemplo, fala com a voz dela.
Se você acha impossível a cabeça de uma criancinha fazer essa substituição, vou contar-lhe o que vi quando se instalou luz elétrica na fazenda de meu pai. Na primeira vez que os colonos ouviram no rádio a voz de um locutor, ficaram “matutando” (refletindo), depois foram procurar atrás do rádio (grande, na época) quem estava lá dentro, escondido e falando. E não eram crianças sem o uso da razão.
Meses depois da minha formatura, um psiquiatra muito competente contou-me que estava reunindo grupos de mães para tratarem das dificuldades domésticas. E notou que a maioria dos problemas nervosos resultava de trabalharem fora de casa, longe dos filhos. Num caso concreto, uma odontóloga permanecia no consultório até muito tarde, e ao chegar em casa os filhos já estavam dormindo. No dia seguinte, pouco conversava com eles, limitando-se quase só a uma despedida. O psiquiatra aconselhou-a a reduzir o horário de trabalho fora. Poucos meses depois, ela estava tranquila, inteiramente recuperada dos problemas nervosos. E muito feliz.
Um caso isolado? De forma nenhuma, pois o mesmo acontecia com as outras, variando apenas os motivos para o distanciamento dos filhos. Cinquenta anos atrás, esse psiquiatra recomendava o que agora vem se tornando habitual na especialidade. Pois a conclusão é que as mães só são felizes ao lado dos filhos. O que me parece inacreditável é demorarem tanto a perceber essa realidade tão evidente. Enquetes concluíram que mais da metade das mulheres sentem isso, e já se nota um êxodo no sentido contrário, uma volta do trabalho para o lar. Como dizia um professor do meu curso ginasial, a casa do homem é o mundo, e o mundo da mulher é a casa.
Trabalhar para sustentar a família? Isso sempre foi atribuição do homem. Contrariando essa verdade elementar, as viragos feministas tentaram substituir o amor materno por vitórias na carreira e outras miragens. Os franceses previram há muito tempo o que aconteceria: Chassez le naturel, il revient au galop (afastando o natural, ele volta a galope).
Confere com isso a resposta de um norueguês a um sociólogo do início do século passado. Ante a pergunta se o dote da noiva era necessário para o casamento, afirmou: Não conheço nenhum norueguês que recuse um casamento por este motivo. Nós sabemos que um marido deve ser capaz de sustentar sua família.
Assim pensavam e agiam todos, antes do antinatural e funesto feminismo.

(*) é médico e colaborador da Abim


quarta-feira, 15 de junho de 2016

O PRAZER DAS COMPRAS COMO ARMA DO COMÉRCIO



Empresas apelam ao emocional para prorrogar prazer de compra

 Manoel Carlos Jr. (*)

Pesquisas recentes comprovam que comprar um presente, um sapato ou uma roupa dá prazer, isto é, ativa em nosso cérebro mecanismos químicos de recompensa.
Comprar o que desejamos é um dos caminhos mais fáceis – e talvez dos mais enganosos – para a felicidade. Porém, essa recompensa pode custar caro e durar pouco. Normalmente, este momento de prazer acaba bem antes da chegada da fatura.
O problema maior, mesmo para os que não se preocupam com os gastos, é que esse mecanismo é similar ao do vício, tende a buscar a reposição do prazer da compra com mais compras, podendo, assim, até desencadear a depressão.
Para driblar esta armadilha, o marketing de experiências vem difundindo a ideia de prorrogar a sensação de prazer, ou até mesmo renovar essa sensação, com o passar do tempo.
Um dos exemplos mais simples é uma viagem. Além de causar uma sensação mais intensa e duradoura, ela segue em nossa memória e ainda é compartilhada e revivida através das redes sociais, expandindo, assim, nossa percepção de prazer.
Está cada vez mais comum ver as empresas investindo em experiências com alta dose emocional e sensorial para atrair consumidores. Isso ocorre especialmente com as multinacionais atentas.
Baseado neste novo movimento comportamental de consumo, podemos observar que, ao contrário do que se pensava, a loja física, que tempos atrás foi condenada à extinção por conta da expansão do comércio online, voltou a ganhar importância para o consumidor. Entretanto, o mercado vem exigindo mais dos espaços e da criatividade das empresas.
Atualmente, os produtos e preços estão sendo pesquisados e escolhidos online, mas a experiência e o atendimento ficam responsáveis pela finalização da compra. Por isso, mais do que nunca, os diferenciais estão nas experiências que as marcas proporcionam.
Quem nunca foi seduzido por uma loja com um aroma fascinante? Puxado pelas mãos de uma criança atraída por um personagem para o interior de uma loja? Quem não sentiu água na boca ao ver uma degustação? Até uma fila, por incrível que pareça, atrai os curiosos... “Se é bom para ele, é bom para mim!”, tendemos a pensar.
Seja qual for a estratégia escolhida, a experiência é a nova macro tendência para atrair consumidores. Sistematizar isso passou a ser uma das principais estratégias de grandes empresas e, por que não, das pequenas também.

(*) é especialista e pioneiro no marketing de experiência no Brasil e criador do termo “Experiencialize”. É palestrante, publicitário formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing , pós-graduado em Gestão de Marketing pela FGV-SP e especialista em Business Comunication pela International English Institute - CA (EUA).

terça-feira, 14 de junho de 2016

Diego Simioni escreve sobre as tendências da 25ª ABF Franchising Expo


Tendências de mercado para ficar atento na 25ª ABF Franchising Expo

Diego Simioni

Nessa semana, começa a 25ª edição da ABF Franchising Expo, são centenas de marcas de franquias à sua escolha. Com tantas alternativas disponíveis fica até difícil saber por onde começar. Por isso, é importante acompanhar os movimentos do mercado para investir em um segmento que esteja alinhado com seus objetivos. Confira a seguir as principais tendências do setor:
Alimentação Saudável – esse é um dos segmentos que mais cresce no Brasil, aos interessados são diversas opções, desde congelados, para quem busca maior praticidade, até produtos orgânicos vendidos a granel. Contudo, segundo a ABF, as que apresentam pratos leves e balanceados levam vantagem na preferência do consumidor. A preocupação com o bem-estar físico e mental é tendência no mundo. Segundo pesquisa Global realizada pela Nielsen sobre saúde e bem-estar, 75% das pessoas acreditam que “são o que comem”, portanto, trata-se de um segmento extremamente promissor.
Educação e Ensino – já no caso da educação se destacam os cursos profissionalizantes, uma vez que são focados em atender uma demanda cada vez maior no mercado de trabalho, pessoas que querem ter um bom emprego, mas não têm – ou não querem investir – muito tempo e dinheiro em uma graduação. Além disso, as escolas de idioma continuam com alta demanda. O ponto de atenção no segmento é a concorrência, que é brutalmente alta.
Saúde – a área médica é outro segmento promissor que soube pensar com empreendedorismo a carência do consumidor brasileiro quando o assunto é saúde. A precariedade e alta demanda do Sistema Único de Saúde, a insatisfação com os planos de saúde e os altos preços das consultas particulares abriram caminho para uma opção intermediária: clínicas médicas particulares a preços mais acessíveis. Sem dúvida, dentro dessa área, investir nesse modelo de negócio é uma excelente opção.
Esses são alguns dos segmentos que tendem a um crescimento contínuo e sustentável. Escolher uma franquia requer muita responsabilidade, portanto, é bom tomar cuidado com as “falsas” tendências. Por exemplo, por mais que franquias de um produto só estejam em alta no momento, vale pensar no quanto é difícil inovar de maneira constante para manter o público sempre interessado.
Outra dica é avaliar o nível de maturidade da rede em que tem interesse, verifique a experiência do franqueador sobre todo o ciclo do negócio, converse com  outros franqueados e veja se tem afinidade com o segmento para tomar frente a operação da sua unidade, caso seja necessário. Seguindo esses passos, suas chances de fechar bons negócios serão ainda melhores!

(*) é administrador de empresas e sócio-fundador da GOAKIRA, consultoria empresarial especializada em franquias e varejo.



segunda-feira, 13 de junho de 2016

Gurovitz recorda a grandeza de três reis


O campeão dos escritores grita: “Ali, buma iê"

Em "A luta", Norman Mailer enfrenta o campeão dos pesos-pesados, o rei do mundo, Muhammad Ali

HELIO GUROVITZ

O vídeo está lá no YouTube para quem quiser ver a luta. O documentário Quando éramos reis venceu o Oscar e deixou na memória o refrão Ali, buma iê (Ali, mata ele). Mas o livro, bem, nada se compara ao livro. O campeão dos escritores, Norman Mailer, enfrenta o campeão dos pesos-pesados, o rei do mundo, Muhammad Ali, o maior de todos, ponto. Desacreditado, Ali tinha 32 anos quando entrou no ringue contra George Foreman, para recuperar o título mundial. Sete anos mais novo, socos de uma potência jamais vista, Foreman era campeão invicto. De 40 lutas, vencera 37 por nocaute. Havia mais de dois anos, nenhum rival passava do segundo assalto. Mas Ali, bem, Ali era Ali. Mais, bem mais que um boxeador. Ativista da causa negra, convertido ao islã, misto de símbolo e herói, destemido, belo, forte, corajoso – o negro que não se submete ao poder branco. Agressivo, falava o que lhe dava na telha – e como falava. No ringue, “flutuava como borboleta; ferroava como abelha”. Sua agilidade nas pernas era lendária – “Vou dançar, e vou dançar, e vou dançar e dançar…”. Foi campeão até 1967, quando o título lhe foi usurpado. Suspenso do boxe pela recusa em servir no Vietnã – “Nenhum vietcongue jamais me chamou de ‘nigger’ (termo racista para negro)”. Nunca se conformou. Era o maior, ponto. Enfrentar Foreman era sua chance de prová-lo. De novo. “Ali, buma iê.” O embate tornou-se a luta do século.
O ex-presidiário e agitador cultural Don King promoveu o confronto, patrocinado pelo ditador e cleptocrata africano Mobutu Sese Seko, tido na época como sétimo homem mais rico do mundo. A luta foi marcada para 30 de outubro de 1974 na terra de Mobutu, o Zaire, aquele país de bandeira semelhante à do Brasil derrotado pouco antes pela Seleção de Zagallo na Copa do Mundo. Numa nação com renda per capita de US$ 70 e 35% de alfabetizados, um assento perto do ringue era vendido por US$ 250. Cada pugilista receberia US$ 5 milhões – e Foreman queria mais. O gongo estava marcado para as 4 da manhã, hora local, para fugir do calor e pegar o horário nobre na TV americana. A plateia de 60 mil incluía a nata do boxe e do jornalismo esportivo: o ex-campeão Joe Frazier, repórteres como George Plimpton, Hunter Thompson e, estrela maior, Norman Mailer. Ele recebera, diziam, US$ 1 milhão pelo último livro – “campeão dos escritores” foi como King o definiu. Graças à fama, Mailer pôde acompanhar de perto a preparação dos dois rivais. Ensaiou até treinar corrida com Ali, por quem torcia.
No ano seguinte publicou A luta, um desses livros que não conseguimos largar. Mailer escreve sobre si mesmo na terceira pessoa. Vira Norman. Em Nova York, Norman investiga a filosofia banto para compreender as ideias ancestrais que moviam Ali e o mundo do boxe, quase só de negros. Aprende os conceitos de muntu (vida no ser), kuntu (força das coisas), n’golo (força vital) e Nommo (palavra). Descobre a força de seus próprios preconceitos. Na África, entende que o boxe para Ali é apenas um meio de atingir seus fins político-religiosos. É Don King, bigodes e cabelos espetados, em seu linguajar viscoso, quem decifra Ali para Norman: “A luta atrairá 1 trilhão de fãs, pois Ali é russo, Ali é oriental, Ali é árabe, Ali é judeu, Ali é tudo o que a mente humana é capaz de conceber. Ele atrai todos os segmentos do nosso mundo. (…) Seja o que for que Ali estimula, Ali motiva até mesmo os mortos”. O fascínio de Ali é universal a ponto de despertar a paixão de todos, até um judeu como Norman, por um muçulmano negro, convencido e falastrão.
Norman entende, enfim, a essência do boxe. É um esporte não só de força, mas de tensão e estratégia. Psicológico como o xadrez. Ali passara dias provocando Foreman. “Vou dançar, e vou dançar, e vou dançar e dançar.” Começa a luta e ele faz o contrário. Abandona o centro do tabuleiro e se acomoda nas cordas, afrouxadas antes do primeiro assalto. Deixa Foreman bater, e bater, e bater. Vez que outra faz um gambito e ataca, desfere golpes bem colocados. Provoca com olhares e uma série interminável de impropérios. Ali não para de falar. A energia de Foreman vai esgotando. Até que, quase no final do oitavo assalto, Ali acerta-lhe o queixo e sai das cordas. Move as peças para o centro do tabuleiro. Dispara socos velozes, duros, três direitas e uma esquerda. Aí é Foreman quem vai às cordas. “E então um grande projétil, do tamanho exato de um punho dentro de uma luva, penetrou no meio da mente de Foreman, o melhor soco daquela noite espantada, o soco que Ali guardara por uma carreira”, escreve Norman. “A vertigem tomou conta de Foreman e o revolveu. Ainda dobrado pela cintura (…), começou a desmoronar e a ruir e a cair, mesmo não querendo ir ao chão.” Ao longo de “dois desmoronantes segundos”, Foreman vai das cordas à lona. A plateia delira: “Ali, buma iê”. Xeque-mate.


quinta-feira, 9 de junho de 2016

Direito e pobreza na visão de Amadeu Garrido


Direito e pobreza

Amadeu Garrido (*)

O New York Times, em colaboração com a Folha de São Paulo de quatro de junho, discorre sob o título "Realidade desafia leis comuns". "Comuns" porque as leis são destinadas a todos, sem exceção. Os latinos empregaram a expressão "erga omnes": a humanidade inteira está sujeita às leis, indistintamente. Aí mora a iniquidade. Fingimos que somos todos iguais. Quando de um furto famélico, uma débil luz se acende em alguns cérebros, momentaneamente, acerca da injustiça. Não é preciso dizer injustiça "social", já que toda justiça e toda injustiça são sociais.
Um Tribunal da Itália, solenemente, certamente depois de um longo, penoso e custoso processo, proclamou o que cogitações de penalistas já abordaram "ad nauseam": a Justiça deve ficar ao lado do "direito à sobrevivência", ao invés do "direito à propriedade". O acusado fora apanhado furtando um pedaço de queijo e linguiça.
Entre nós, são os "crimes famélicos". Inúmeros julgados do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal dedicaram tardes inteiras a debates sobre como caracterizá-los. Só o queijo; a linguiça não foi demais, a ponto de descaracterizá-lo?  Em geral, esses debates judiciais são demorados. Todos os magistrados querem aplacar sua consciência ou, pelo contrário, demonstrar que a lei flexível equivale ao fim da sociedade. Tema importantíssimo. Em seguida, "la nave vá". Teremos outros episódios, um pão e mortadela, entre outras essencialidades vitais.
O grande Victor Hugo, em uma obra magnífica que permaneceu desconhecida até pouco tempo (L'homme qui rit"), admirou  a forma de aplicação das leis inglesas adaptada aos costumes. O rigor da lei poderia ser afastado pelo xerife, que fazia um juízo de valor imediato sobre o fato e o infrator ou infratores. Muitas vezes, famílias inteiras, desesperadas, atacavam a propriedade alheia. O xerife compreendia e os absolvia na hora. Segundo o sistema, estava a seu alcance fazê-lo. Não prevaricava. Não era robótico. Sua opinião, no calor dos fatos, valia tanto como a de um majestoso Tribunal. Nem por isso foram abalados os pilares da sagrada propriedade inglesa e seu glorioso destino.
Em outro momento, o grande romancista fala dessa majestade do Poder Judiciário. O réu, em condições parecidas, num ambiente de arquitetura esmagadora do ego, com suas cortinas paradisíacas a combinar com a tapeçaria vermelha, recebe do homem devidamente paramentado uma sentença de absolvição. Solto de imediato, deixa célere o ambiente das pompas e, na rua, em desabalada carreira a casa do direito. O medo não arrefecera nem mesmo depois de absolvido.
Claro que o ideal seria a inexistência de sociedades injustas, sem desigualdades e fome. Não há, porém, como desenvolver o tema, o maior de todos, desde Aristóteles, num espaço de jornal. Porém, há como pensar com Victor Hugo. As "autoridades", às quais se daria um sentido amplo, desde que em sentido não punitivo, poderiam deixar de aplicar a lei repressiva, em casos de percepção imediata da inexigibilidade de outra conduta, salvo a de aquiescer conformadamente à morte. Um funcionário de supermercado, um escrivão de polícia, um policial, um delegado, poderiam limitar-se a fazer uma advertência verbal ao ladrão de uma salsicha, dar um cartão amarelo ao miserável e liberá-lo para continuar seu drama...
As estrelas continuariam a brilhar no espaço, a meta fiscal não seria descumprida, ao contrário, as despesas de um processo próprio da "loucura" de Erasmo, seriam poupadas; talvez o único ônus fosse o de promotores, juízes, desembargadores e ministros não poderem amainar suas consciências por meio de atos generosos. E a pomposidade dos edifícios judiciários perderem alguma importância no campo da imperceptível opressão da arquitetura.

(*) É advogado e poeta. Autor do livro Universo Invisível, membro da Academia Latino-Americana de Ciências Humanas.
Ilustração: http://vidaruimdepobre.blogspot.com.br/





quarta-feira, 8 de junho de 2016

Tatiana Leite analisa os impactos das redes sociais nos relacionamentos amorosos


Ciúmes e redes sociais: a difícil convivência nos relacionamentos amorosos

Tatiana Leite (*)

Quem nunca teve a curiosidade de entrar no perfil do parceiro(a) para dar aquela “espiadinha”? Para muita gente, esse desejo é quase que inevitável. O problema é que, se no mundo real, já existem estímulos suficientes para causar desavenças entre os casais, no virtual é ainda pior. Por isso, é tão fácil encontrar relacionamentos que terminaram por causa de janelas de bate-papo ou um emoticon suspeito. Assim, mesmo que a internet não tenha criado a insegurança ou o ciúme, não há dúvidas de que ela potencializou e, muito, esses sentimentos.
Uma pesquisa de 2013, feita pela Universidade do Missouri (EUA), concluiu que pessoas que navegam por mais de uma hora na rede social têm relações mais turbulentas. No Brasil não há muitos materiais sobre isso, mas os impactos podem ser facilmente percebidos. Diante disso, alguns casais por medo de prejudicar a relação optam por ter contas compartilhadas ou acabam por até mesmo excluir seu perfil na rede social. A falsa sensação de poder controlar o outro, diante do que é postado e compartilhado na internet, traz prejuízos para muitos casais, independente do tempo que estão juntos.
Contudo, vale a pena lembrar que, muito antes desses recursos existirem, a infidelidade já era algo corriqueiro, por isso, não podemos responsabilizar essas tecnologias por incentivarem ou criarem oportunidades para a infidelidade.
Por meio da minha experiência na clínica, consigo listar alguns comportamentos recorrentes entre casais que sentem seu relacionamento afetado pelas redes sociais, confira!
Principais disparadores de ciúmes:
·         recados de amigos com sentido ambíguo;
·         adicionar pessoas que o parceiro(a) não tem conhecimento;
·         adicionar fotos de cunho sensual sem o consentimento do parceiro(a);
·         elogios, apelidos carinhosos que podem soar como se estivesse algo entre os dois e,
·         trocar mensagens privadas com certo grau de intimidade sem o conhecimento do parceiro(a).
Essas são apenas algumas dentre as inúmeras situações que podem instalar o conflito entre o casal que, certamente, irá precisar de muito diálogo por parte dos seus componentes para possíveis esclarecimentos.
Mas, afinal, como lidar com esse sentimento? Quais são os limites?
O importante é que o casal acorde alguns limites em relação ao comportamento que será adotado nessas mídias. Regras que não são combinadas acabam se tornando motivo de brigas e discussões recorrentes. Muitos casais combinam o que vão publicar, que momentos compartilhar, se vão ou não postar fotos sozinhos, vídeos do casal, mensagens que irão postar no perfil do parceiro(a), etc.
A partir do momento que essa ferramenta se torna um problema ou uma dificuldade para a vida íntima entre os parceiros, é necessário o casal repensar no seu uso e não obrigar seu parceiro(a) a eliminar o uso da rede social, se este não for o seu desejo. Como já comentei anteriormente, a ferramenta não deve ser usada como uma garantia de fidelidade no relacionamento. Se for utilizada como uma forma de rastreamento, pode ser prejudicial à própria pessoa que acredita estar controlando o outro, potencializando sentimento de insegurança e baixa estima. Como em todas as relações a confiança, o diálogo e, principalmente, o amor entre o casal têm que ser preservados.
Assim, para não ver sua relação se desgastar ou até mesmo ser comprometida por completo, os casais devem buscar formas mais adequadas de se comportar na rede e, nesse caso, nada melhor para ter sucesso do que usar de muito bom senso. 

(*) é terapeuta de casal e família com especialização em terapia familiar e de casal, pela Pontifica Universidade Católica (PUC/SP) e Pós-graduação em Sexualidade Humana, pela Faculdade de Medicina da USP.

Ilustração: brunoernica.com

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente


Um dia de esperança

Fabio Arruda Mortara (*)

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, instituído pela ONU, nessa data, em 1972, na Conferência de Estocolmo, tem forte correlação com a cadeia de valor da comunicação impressa, cujo fluxo produtivo é alinhado aos mais contemporâneos preceitos ecológicos. Tal sinergia, em especial no Brasil, onde o papel é integralmente produzido a partir da madeira de florestas plantadas, começa nas árvores, estas incansáveis combatentes na guerra contra o aquecimento da Terra.
Em nosso país, segundo a IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), há 7,74 milhões de hectares de florestas plantadas de eucalipto, pinus, acácia, araucária, paricá e teca. Trinta e quatro por cento destinam-se à produção de celulose e papel. É aí que a indústria gráfica começa a se agregar na cadeia da proteção ambiental. Essa expressiva cobertura vegetal sequestra 1,69 bilhão de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo, assim para mitigar o efeito estufa. O viés ecológico das gráficas manifesta-se, também, em processos industriais cada vez mais marcados pela produção limpa, tintas sem chumbo, economia e reúso da água, utilização das aparas de papel e reciclagem.
Contudo, essa história não termina aqui, pois a pauta ecológica não é isolada, inserindo-se na questão mais ampla da sustentabilidade, com vistas a um processo de desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Nesse contexto, a indústria gráfica também tem presença marcante. No Brasil, são mais de 20 mil empresas, que empregam cerca de 200 mil pessoas, contribuindo vigorosamente para a inclusão socioeconômica, fomento do nível de atividade e redução das disparidades sociais.
Bem, agora já poderíamos terminar por aqui este artigo alusivo ao Dia Mundial do Meio Ambiente, não fosse mais uma questão relevante: a importância do empoderamento da sociedade por meio da democratização do conhecimento e do acesso à informação. Afinal, nada contribui mais para a sustentabilidade do que uma população de seres pensantes, conscientes e capazes de transformar os sete bilhões de terráqueos numa sociedade global civilizada, pacífica e devidamente contemplada por segurança alimentar, saúde, educação, moradia e saneamento básico.
Tais metas sintetizam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda da ONU para o período 2015/2030, voltada a concretizar aqueles anseios básicos da humanidade. Utopia? Sonho? Não! Se olharmos para a história, veremos que o mundo, apesar de todos os problemas, foi ficando melhor, a cada século, no tratamento às minorias, no combate à discriminação de gênero, étnica e religiosa, na proteção à infância e à juventude, no uso das tecnologias para o bem comum.
Livros, jornais, revistas e cadernos, mídias do conhecimento, foram decisivos para esses avanços. Hoje, os impressos também cumprem missão importante nos ODS, atendendo ao Objetivo Número 12, referente à Produção e Consumo Responsáveis. Pois bem, as informações contidas nos rótulos e nas embalagens de papel-cartão são importantes subsídios para a orientação dos consumidores. A cadeia produtiva da comunicação impressa seguirá contribuindo para mudar o mundo.
É para difundir todo esse protagonismo do setor no contexto da sustentabilidade que instituímos em nosso país, no ano de 2014, a campanha mundial Two Sides. A iniciativa surgiu na Inglaterra e hoje está presente em 13 países europeus, nos Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e Brasil. Aqui, o movimento conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas, geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões.
Temos, portanto, motivos para comemorar, com responsabilidade e esperança, o Dia Mundial do Meio Ambiente! 

(*) é presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e da Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica; coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem (Copagrem) da Fiesp e country manager da Two Sides Brasil.

Ilustraçao: brasilescola.uol.com.br


domingo, 5 de junho de 2016

A importância de um bom cadastro

Como um bom cadastro de clientes pode potencializar o seu negócio?

Erik Penna (*)

O cadastro completo de clientes não é uma prática realizada por todas as empresas, mas é muito importante que seja feito tanto por lojas físicas quanto virtuais. Se for utilizado corretamente, pode render ótimos frutos aos comerciantes e/ou industriários que possuem lojas próprias/franquias/e-commerce.
Não exigido por lei, o cadastro de clientes é uma excelente oportunidade para a empresa vendedora colher dados e manter contatos posteriores. Além de, é claro, ser uma alternativa para se aproximar do consumidor e amplificar as vendas.
As informações colhidas para o cadastro são simples: nome, dados pessoais, email, telefone e data de aniversário. Mas, além destas, sugiro também mais duas perguntas:
1) Você indicaria nosso negócio para as pessoas que mais gosta? Sim ou não? Por quê?
2) O que você mais gosta de fazer como hobby ou nas horas vagas?
O ideal não é fazer um cadastro com muitas perguntas, pois algo extenso pode fazer o cliente declinar no preenchimento.
No entanto, muitas lojas ainda resistem em fazer o cadastro de seus clientes. Há um receio por parte das pessoas em passar seus dados, e, com a correria do dia a dia, o veem como algo que toma tempo e não traz benefício. Mesmo assim, é importante que as lojas cadastrem o maior número de clientes possível para fortalecer o relacionamento.
O cadastro se torna um aliado quando é feito de forma criativa. Por isso, o preenchimento precisa ser interessante, rápido e recompensador. A seguir, indico três exemplos que ilustram isso:
a) Qual criança no parque da Disney gostaria de parar tudo para responder um questionário? Pois é, minha filha fez questão de responder, pois a “Sininho” apareceu toda fantasiada na frente dela, jogou um pozinho mágico para cima e, com um tablet na mão, perguntou se ela poderia ajudá-la teclando 3 respostas. Minha filha ficou extasiada e respondeu: “Mas só três, não pode ser mais?”.  
b) Um exemplo negativo aconteceu comigo. Fui passar um fim de semana com a família num hotel fazenda e, ao entrar no quarto, me deparei com um opinário com 35 perguntas do hotel. De forma bem humorada comentei com minha esposa: “Estou em dúvida se vou curtir o fim de semana com vocês ou se fico aqui o dia todo respondendo as essas perguntas”.
c) Um supermercado fez um sorteio de uma televisão para aqueles que preenchiam o cadastro e deixavam uma sugestão de melhoria. Resultado: em um mês obteve mais de 500 fichas cadastrais e ideias de melhoria. Com isso, conseguiu ampliar sua base de dados e, o melhor de tudo: adotou 6 novas práticas baseadas nas sugestões apresentadas. Nada mal e tudo isso com investimento baixo.
Para as lojas virtuais não existe essa barreira da criatividade, uma vez que o consumidor já preenche os dados antes de finalizar a compra. Mas a loja física pode criar mecanismos, como os citados acima, para gerar interesse nas pessoas em participar.
Manter contato com os clientes é fundamental, tanto como para obter ferramenta de pós venda e fidelização. O email marketing e o televendas são duas ótimas alternativas com baixo custo e que potencializam as vendas de forma significativa.
Um bom exemplo ocorreu comigo outro dia. Atendi ao telefone em casa, a pessoa se apresentou e informou que, baseada nas informações que deixamos na loja dela, estava ligando para nos fazer um convite para um evento. Ela explicou que estavam promovendo um desfile de princesinhas e eles identificaram que a nossa filha poderia ser uma das princesas no evento. Não era preciso pagar nada, apenas ela escolheria o vestido que desejasse e faria o desfile. Sabe o que aconteceu?  Aparecem 50 princesas, muitos familiares e amigos. Ao término daquela noite tão especial, não era obrigatório, no entanto, mais da metade dos pais comprou o vestido que a filha desfilou, além de maquiagens infantis, tiaras, sapatilhas, brinquedos etc. A proprietária da loja me confidenciou que havia sido o melhor dia de vendas do mês, e tudo começou com um bom cadastro que foi bem utilizado.
O contato físico também é muito importante nesse processo de fidelização e aumento de vendas. Vivemos na era das experiências e precisamos gerar momentos mágicos com os clientes. As pessoas estão carentes, sedentas de atenção. Uma frase do psicanalista francês Jacques Lacan resume bem isso: “A fonte de todo desejo é ser desejado”. Portanto, se a loja souber enviar uma carta personalizada em que a pessoa se sinta especial, a relação marca/loja/cliente se fortalece e as vendas tendem a crescer também. 
* é palestrante motivacional, especialista em vendas, consultor e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender”, “Motivação Nota 10” e “21 soluções para potencializar seu negócio”. Site: www.erikpenna.com.br

Ilustração: www.jd1noticias.com

sábado, 4 de junho de 2016

Um artigo de Rodrigo Casagrande




Lagartas e Borboletas

Rodrigo Casagrande (*)

Em 2013, passei pela experiência de um doutorado sanduíche em Montreal, no Canadá. Uma cidade adorável, com um povo visivelmente feliz. Dentre as experiências que vivenciei em Montreal jamais esquecerei do meu último dia por lá. Depois de seis meses realizando minhas pesquisas na Biblioteca da HEC Montreal – École de Gestion e desbravando o que a cidade tinha a oferecer, atividades estas que eram conciliadas com uma vida de ¨dono de casa¨, contratei uma empresa para fazer uma limpeza geral na residência que iria entregar ao locador. O valor acordado foram 140 dólares canadenses.
Na última noite em casa, resolvi me dar ao luxo de, após o jantar, não lavar as louças, afinal, no dia seguinte, chegaria a empresa que contratei para realizar a ¨geral¨ no apartamento. Eis que chegando o pessoal da limpeza (três pessoas) passei por uma das maiores vergonhas da minha vida. Fui imediatamente questionado do porquê que a cozinha continha prato, copo e talheres sujos. A indagação foi: por que eu acharia que alguém deveria lavar o prato em que eu havia comido? ¨Caiu a ficha¨: estava vivenciando, de uma forma vergonhosa, uma colisão de morais.
A formação de nossas morais vem, num primeiro momento, de nossa socialização primária. Ou seja, do convívio com nossos pais, irmãos, amigos, colegas de escola. Em seguida, passamos por uma socialização secundária, quando nos deparamos com as práticas organizacionais, as quais também balizarão e até mesmo modificarão nossas morais estabelecidas até então. Moral, desta forma, tem a ver com prática.
Para regular esta questão, considerando que a organização vai gerar o convívio de pessoas com as mais diversas morais, existe a ética. A ética tem a ver com o discurso e estabelece o que se espera em termos de comportamentos nas teias interna e externa da organização. Ética, desta forma, tem a ver com teoria. Diversos especialistas consideram que as empresas devem ter um propósito inspirador, e também realizar o partilhamento dos seus ganhos, em contraponto à visão tecnocrata centrada na maximização de lucros aos acionistas.
Obviamente que o lucro deve ser buscado pelas empresas, é o que lhes assegura a sobrevivência. Porém, uma empresa é muito mais que uma instituição que gera lucro. Considere a necessidade de alimentação para um ser humano, que não vive para comer, mas come para sobreviver e, a partir daí, construir uma vida rica em vários aspectos. O mesmo vale para as organizações conscientes, que existem para gerar valor não só para os acionistas, mas também para seus funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, sociedade e planeta.
Dentre vários aspectos que ajudam a modelar uma organização consciente, ocupa papel de protagonismo o seu quadro de líderes. Bons líderes têm o poder de transformar lagartas em borboletas. A lagarta pouco faz mais do que comer, o que parece ser seu único propósito. Algumas comem tanto que multiplicam até cem vezes o seu tamanho original. Em algum momento, porém, inicia-se o processo da metamorfose e emerge uma criatura de beleza encantadora, que desempenha uma função valiosa na natureza por meio de seu papel de polinização e, portanto, na produção de alimentos para outros seres.
Podemos ter organizações que parecem lagartas, com empregados com mentalidades que buscam sugar tudo o que puder sem devolver nada em troca, ou organizações que criam uma atmosfera positiva para converter lagartas em borboletas, seres que criam valor para os outros e ajudam a tornar o mundo mais bonito. Para tanto, é fundamental reunir bons líderes, os quais conseguem exercer um prisma positivo naqueles que com eles trabalham, elevando pessoas a patamares mais elevados em termos técnicos e humanos.
Para que essa postura organizacional aflore é preciso um alinhamento entre o discurso (ética) e a moral (práticas). Do contrário, não se obtém a legitimidade, que é a explicação e justificação das práticas organizacionais geradoras do endosso da sociedade para o seu funcionamento.

(*) é professor de pós-graduação do ISAE/FGV, de Curitiba (PR), na disciplina de Liderança e Desenvolvimento de Equipes. Além disso, o profissional é sócio-diretor da Armatta Desenvolvimento Humano e Organizacional.


 Ilustração: evangelhoradical.webnode.com.br