terça-feira, 19 de março de 2024

Além das Narrativas as Informações os Negócios possuem uma Língua

 


Comunicação e multicultura: o inglês como ponte para a compreensão global

Carla D’Elia (*)

O papel do inglês como a língua franca dos negócios se tornou fundamental nos ambientes multiculturais, já que segundo pesquisa da Statista, em 2023 o inglês foi a língua mais falada do mundo. O número indica que, em média, 1,5 bilhão de pessoas falavam o idioma no ano passado. Em situações em que a interação entre culturas é constante, a habilidade de se comunicar na língua estrangeira não é apenas uma vantagem, mas uma necessidade imperativa, inclusive no ambiente corporativo cada vez mais conectado. 

Em minha jornada como especialista em ensino de Business English, pude perceber a importância desse idioma na facilitação da comunicação entre profissionais de diferentes origens culturais. O idioma se tornou uma potência no crescimento profissional em um mundo diversificado. Em ambientes multiculturais, ele é uma ponte que permite aos profissionais trocarem ideias, colaborar em projetos e expandirem suas redes de contatos.

Investir no desenvolvimento de habilidades no idioma é essencial para prosperar em um mercado de trabalho globalizado e altamente competitivo. Justamente por essa conexão, é fundamental treinar o inglês em qualquer oportunidade que apareça e deixar a vergonha de lado, afinal a prática leva à independência para se comunicar em inglês. Seja com IA, ferramentas de conversação, colegas que moram fora do país, etc., exercitar é a base de tudo. 

Ao fornecer uma língua comum para a comunicação corporativa, o inglês reduz as barreiras linguísticas e promove uma maior compreensão entre indivíduos de diferentes origens culturais. Isso além de aumentar a eficiência das operações comerciais, promove um ambiente de trabalho mais inclusivo e colaborativo. 

Porém, é importante ressaltar que não é preciso falar como um nativo, mas sim como bilíngue. Até porque são inúmeros países que contam com o inglês como língua oficial e todos possuem particularidades e sotaques diferentes. O que importa é a comunicação clara. 

Costumo dizer que o sotaque de cada um de nós permanece conosco. Uma das missões é fazer com que os brasileiros percebam que está tudo bem não falar como um nativo, pois temos a habilidade de explorar muitos outros idiomas e nos aperfeiçoarmos neles.

O domínio do inglês vai além da simples comunicação verbal. É essencial que os profissionais também desenvolvam habilidades específicas no idioma para o ambiente de negócios, como redação de e-mails, apresentações e negociações. Isso fortalece a capacidade de se comunicar eficazmente e aumenta a competitividade no mercado de trabalho global.

Além disso, ao promover a diversidade linguística e cultural, o inglês tem o poder de contribuir para um ambiente de trabalho mais enriquecedor e dinâmico. Ao reconhecer e valorizar as diferentes formas de expressão e perspectivas culturais, os profissionais podem aproveitar ao máximo a riqueza que a diversidade oferece, impulsionando a inovação e a criatividade nas organizações.

Portanto, é fundamental que os profissionais estejam cientes da importância do inglês como uma habilidade essencial no ambiente de trabalho globalizado. Ao investir no aprimoramento de habilidades linguísticas, os trabalhadores podem aumentar as oportunidades de carreira e contribuir para um ambiente de trabalho mais inclusivo, colaborativo e inovador.

(*) é especialista em ensino de Business English e fundadora da Save Me Teacher.

Ilustração: Vagas de Trabalho. 

quarta-feira, 13 de março de 2024

REFORMA TRIBUTÁRIA IMPACTA A AVIAÇÃO BRASILEIRA

 


Cenário da aviação brasileira pode se agravar com a Reforma Tributária

Por Yvon Gaillard (*)

A indústria da aviação no Brasil vive uma crise complexa e multifacetada nos últimos anos, marcada por diversos desafios interligados que impactaram significativamente as empresas aéreas, os passageiros e a economia como um todo. Para compreender a magnitude da crise, é crucial analisar seus principais fatores e as consequências geradas. Tudo começou a se agravar com o surgimento da covid-19, o que gerou um impacto global sem precedentes no setor aéreo, com queda drástica na demanda por voos.

Com o restabelecimento da demanda depois da pandemia, há fatores que não se resolveram e contribuíram para a crise, como o aumento vertiginoso do preço do querosene de aviação (QAV). O QAV, principal custo operacional das companhias aéreas, teve um aumento expressivo, impulsionado por fatores como a alta do petróleo no mercado internacional, a desvalorização do real frente ao dólar e a política de preços da Petrobras - que preferiu buscar maiores benefícios para o preço da gasolina e do diesel, deixando a QAV de lado nos últimos anos.

Outros pontos, como, desafios estruturais do setor aéreo brasileiro, com congestionamentos frequentes em grandes aeroportos, especialmente em horários de pico, falta de investimentos em modernização e expansão da capacidade aeroportuária também afetaram o segmento. Além disso, o Brasil é o país com maior número de judicialização na área no mundo, o que afugenta investidores estrangeiros de aportarem no mercado brasileiro. A crise da oferta de novas aeronaves e de mão de obra qualificada também piora o já crítico cenário atual, pois há demanda no mercado, mas há uma clara limitação de oferta.

Hoje o segmento aéreo brasileiro, em relação a outras áreas, possui uma tributação menor. Como referência o transporte aéreo de passageiros é isento de ICMS e tão pouco se aplica ISS na operação. Portanto, na operação de transporte aéreo de passageiros somente há a incidência de impostos federais e também não há necessidade de emissão de documento fiscal eletrônico, o que diminui a carga e de fato descomplica um pouco a operação fiscal das companhias aéreas.

Porém, a reforma tributária promulgada no final do ano passado trará mudanças significativas para a aviação civil no Brasil. A partir de agora, o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) substituirá o ISS e o ICMS, enquanto o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) substituirá o PIS e a COFINS. Como a reforma não prevê isenções ou reduções de base de cálculo para o setor, ela tende a gerar aumento de custos, impactando ainda mais um segmento já fragilizado.

A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (ABEAR) se manifestou contra a proposta de reforma tributária, alertando para seus potenciais impactos negativos. Apesar das críticas, às demandas não foram atendidas no texto final da reforma. Outra mudança importante é a provável obrigatoriedade de emissão de documentos fiscais eletrônicos. Essa medida se faz necessária para que as empresas se adaptem ao novo modelo de arrecadação do IBS.

Em suma, a reforma tributária trará desafios e incertezas para a aviação civil no Brasil. O aumento de custos e a necessidade de adaptação ao novo sistema de tributação podem afetar a competitividade e o desenvolvimento da categoria. O acompanhamento atento das mudanças e a busca por soluções inovadoras serão fundamentais para que as empresas aéreas minimizem os impactos negativos e se mantenham competitivas no mercado.

Portanto, a recuperação da divisão aérea nacional dependerá da implementação de medidas eficazes para enfrentar os desafios mencionados. O diálogo entre o governo, as companhias aéreas, os órgãos regulatórios e os demais stakeholders será fundamental para encontrar soluções conjuntas e construir um futuro sustentável para a aviação nacional, caso contrário cada vez mais este campo estará mais longe da população brasileira.

 

(*) é cofundador e CEO da Dootax, primeira plataforma de automação fiscal do Brasil. Economista formado pela FAAP e com MBA pela Business School São Paulo, liderou projetos em empresas como Gol Linhas Aéreas e Thomson Reuters.