DADO É O NOVO PETRÓLEO,
MAS O QUE VOCÊ FARIA COM UM BARRIL DE PETRÓLEO?
João Paulo Tavares
da Silva (*)
“O
dado é o novo petróleo”. Movidas por essa afirmativa, muitas empresas iniciaram
projetos voltados à implantação de novas tecnologias de dados como big data e
analytics. De forma geral, podemos considerar que esses projetos, em sua grande
maioria, foram executados de forma satisfatória, mas nem sempre otimizados como
poderiam ser. Afinal, organizar dados não é o mesmo que extrair valor e recursos
aplicáveis aos negócios.
Isso
acontece, principalmente, porque as empresas ainda ignoram a prática de
produtização dos dados, ainda focando em alimentar seus repositórios com dados
desordenados, conflitantes, duplicados, sem propósito ou com um grau muito
baixo de confiabilidade, com o objetivo único de ter uma grande massa de
informações para “trabalhar”.
Para
reverter esse processo, é estratégico que as empresas escolham a melhor forma
de adquirir, manipular e até mesmo descartar dados. Isso auxilia na adequação a
essa nova de forma mais natural e sem gerar grandes impactos estruturais.
Para
um varejista, por exemplo, é mais importante ter o estoque assertivo (relação
estoque x volume de vendas) do que estoque cheio. Estoque cheio é sinônimo de perdas
financeiras e esses produtos, ao longo do tempo, estão perdendo valor. Por
isso, é imprescindível procurar uma fórmula para garantir a quantidade ideal
para uma venda mais saudável e evitar perdas desnecessárias com produtos fora
de linha em seus estoques. O mesmo se faz necessário para os dados: as empresas
precisam passar a entender o dado como um ativo, e como todo o ativo precisa de
um ciclo de vida com objetivos bem claros.
Um
objetivo fundamental para um bom aproveitamento dessas novas tecnologias deve
ser a concepção desse modelo de “ciclo de vida dos dados”, que equilibre
democratização, controle de acesso, monetização, regulação e segurança.
Os
quatro estágios recomendados para um ciclo de vida de dados incluem:
Aquisição
e captura: definição clara dos seus tipos de dados;
Gerenciamento
e Manutenção: criação de políticas de governança e segurança;
Backup
e recuperação: implementação de um plano de redundância, contingenciamento
robusto e alta disponibilidade;
Retenção
ou destruição: criação de políticas orientadas ao negócio da empresa, por se
tratarem de características individuais para cada organização e setor.
Para
empresas que buscam aumentar a agilidade e a eficiência com dados, ter uma
estratégia de governança sólida não é negociável. O fato é que, se essas
empresas não mudarem radicalmente a forma como lidam com a governança de seus
dados, o caminho para a monetização desse “petróleo” estará cada vez mais longe
da realidade, e em algum momento o custo desse armazenamento irá inviabilizar a
estratégia data driven.
Dado
é o novo petróleo, mas trará muito mais valor quando refinado.
(*) Head of Retail na
Semantix.
Ilustração: https://www.artdatacontabil.com.br/.