O papel do Real Digital na agenda de inovação
Jonatas Leandro*
O Banco Central (BC) tem feito, desde 2020, estudos para a criação do Real Digital. Esta será a primeira moeda virtual oficial do Brasil e que não deve ser confundido com criptomoeda, sendo sim uma representação da moeda soberana. O uso será mais transparente e trará a possibilidade de o cliente utilizar serviços de sua instituição financeira, porém com opções de atuar junto a um ecossistema do próprio Banco Central.
A virtualização da moeda, que entrou em fase de testes no início de março, tem como caminho melhorar significativamente o comportamento dos agentes financeiros, os quais devem observar alterações dos perfis dos consumidores a partir do momento que tivermos plena funcionalidade, estimado para o final de 2024. E, neste momento, o BC tem acompanhado o uso da moeda digital focado em alguns temas centrais: entrega de pagamento (voltado à liquidação de transações com ativos digitais tanto nativos do ambiente digital quanto tokenizados); pagamento contra pagamento (para câmbio entre moedas); IoT (direcionado à liquidação algorítmica ou diretamente entre máquinas); e finanças descentralizadas (definição de protocolos com liquidação baseado em uma CBDC e tendo em vista requisitos de compliance e supervisão estabelecidos em norma).
Pensando em uma visão a longo prazo da moeda digital, teremos um ecossistema de finanças descentralizadas, divididas em camadas:
- Agregação, com princípios alinhados ao Open Finance;Aplicação, em que as instituições autorizadas pelo BCB desenvolverão serviços que atendam ao mercado, mas garantindo atomicidade nas operações;
- Protocolos de negociação, nos quais se definem os padrões de cada modelo de negócio (ex.: Gestão de Ativos, Empréstimos, Derivativos);
- No registro de ativos são estabelecidos padrões para a emissão de tokens
- e representação de instrumentos financeiros. Nesta camada, se ancoram as operações entre os tokens dos depósitos à vista e moeda eletrônica, fornecendo os mecanismos de liquidação atômica dos ativos.
E aí, entra um ponto muito importante para a plataforma do Real Digital: as camadas de transição.
O empoderamento do consumidor será uma das métricas essenciais para as estratégias que seguirão anos à frente.
O Real Digital, mesmo que ainda não seja ofertado para toda a população brasileira, tem um fator muito importante para o Banco Central, sendo o de estimular ainda mais nossa competitividade e ser inovador ao mesmo tempo. Já provamos em outros anos que somos capazes disso e agora teremos mais outro passo importante.
(*)é VP de Inovação da GFT Brasil
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