O que é a tokenização e por que esse
processo está tão em alta no mercado de criptomoedas
Rodrigo
Pimenta (*)
O
mercado de criptomoedas se encontra em uma crescente constante. Com isso,
surgiu o processo de “tokenização”, que vem ganhando enorme relevância no
cenário nacional e internacional. Resumidamente, consiste no processo de
transformar um ativo qualquer em quotas menores e/ou fracionadas em um
ecossistema descentralizado, utilizando contratos inteligentes juntamente com
tecnologia “blockchain”. Esse processo, além de permitir a garantia,
simplicidade, transparência e segurança tecnologicamente, possibilita maior
facilidade em negociar a partir de mercados gigantescos, como por exemplo DeFi
ou exchanges de criptoativos.
Com
a grande ascensão desse universo, o mercado tem criado diversos novos tipos de
tokens com variados propósitos. Existem diversas opções de categorias de tokens
cujas as 4 principais podem ser destacadas: os Utility tokens, Non-fungible tokens
(NFT), Security tokens e Payment Tokens.
A
tokenização não é um assunto recente, há pelo menos 10 anos esse tema é
discutido no mercado, no entanto, ao que tudo indica, agora viveremos essa era.
Recentemente, o CEO da B3, Gilson Finkelsztain, apontou que a companhia deve
começar a usar “blockchain” na tokenização de ativos físicos. Com o aval na
participação no Sandbox Regulatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a
parceria entre a fintech Vórtx e a holding QR Capital, tem feito testes de regulação
dos primeiros tokens no mercado de capitais nesse sandbox utilizando
“blockchain”.
A grande vantagem se dá pelo fato de a
“blockchain” ser à prova de fraudes. Afinal, estamos falando em transformar
qualquer ativo em um token, sendo ele real ou financeiro. Se tratando da
tokenização, é essa tecnologia que permite a troca de informações, em que todos
os envolvidos na rede garantem a veracidade dos termos e condições. Dessa
forma, não há questionamento de confiança.
É
importante tocarmos no fato da confiança ser a chave do negócio. Afinal, essa é
a questão principal quando o assunto é crédito. Vamos partir do princípio de
que uma lei precisa de uma interpretação humana para ser aplicada. Quando
traduzimos um código para “blockchain”, é ele quem faz essa operação a partir
de uma rede de consenso. Com isso, a tokenização de ativos financeiros cresceu
aos olhos do mercado mundial, pois elimina a necessidade de confiança e
desassocia a avaliação de risco.
O
grande entrave no momento gira em torno dos desafios regulatórios, facilitado
pelo teste de Howey, que veda ofertar qualquer tipo de ativo para um cidadão
brasileiro, demandando autorização expressa da CVM (Comissão de Valores
Mobiliários) e, mesmo assim, sendo liberado somente em alguns casos especiais.
Assim como uma wallet identificada e auto-custodiada, para lidar com lavagem de
dinheiro, apoio ao terrorismo e gestão das chaves privadas para diminuir a
insegurança jurídica, sucessão, litígios ou disputas judiciais. Desafio enorme
como o CBDC (“Central Bank Digital Currency”), o utility token do novo “real
digital brasileiro”, que conforme Roberto Campos Neto, ex-Presidente do Banco
Central do Brasil, seria compatível com smart contracts em “blockchain”.
É
fácil perceber como os ativos digitais em “blockchain” prometem impactar a nova
economia. Mas qual a amplitude desse impacto? Na realidade ainda não sabemos.
Fato é que a tecnologia “blockchain” veio para ficar na economia mundial e seu
grande pilar está em permitir uma utilização mais eficiente dos recursos,
reduzindo os custos das operações, ampliando os produtos financeiros já
existentes e seus desdobramentos, como o DeFi, GameFi, SocialFi e InsuranceFi,
que ainda carecem de um melhor tratamento com os regulares. Os primeiros passos
já foram dados e isso já é um magnífico sinal de importância.
(*)
É engenheiro elétrico e CEO, fundador, da Hubchain Tecnologia.
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