Dos Baby Boomers à Geração Z: conflitos e aprendizados do novo
mundo corporativo |
Por Roberto Santos (*) Pela primeira vez na história recente,
cinco gerações convivem no mesmo ambiente de trabalho: os Baby Boomers
(1946–1964), a Geração X (1965–1980), os Millennials (1981–1996), Geração Z
(1997–2012) e a Geração Alpha, os nascidos a partir de 2010, e que estão
estreando agora ano mercado de trabalho. Essa configuração inédita
transformou o cotidiano corporativo em um mosaico de valores, expectativas e
estilos de trabalho, e dependendo como a gestão é conduzida, o ambiente
corporativo pode se tornar uma bomba-relógio, ou uma fonte de inovação e
criatividade Com o envelhecimento rápido da
população brasileira, o choque de mentalidades é inevitável, e as tensões
refletem diferenças históricas. Os Baby Boomers, formados no pós-guerra,
prezam por estabilidade e respeito à hierarquia. A Geração X, que hoje ocupa
cargos de liderança, ainda associa comprometimento à presença constante e ao
esforço prolongado. Já a Geração Z, que caminha para os primeiros cargos de
liderança, vai além: não coloca o emprego no centro da vida e recusa abrir
mão do bem-estar em nome da carreira. Esses contrastes também aparecem em
outras questões: se para Boomers e Gen X sucesso significa promoções, títulos
e aumentos salariais, para muitos jovens sucesso é manter saúde física e
mental em dia, relacionamentos estáveis e um trabalho alinhado a propósito de
vida. Para veteranos, essa postura pode soar como desinteresse; para os
jovens, é apenas uma nova definição de sucesso. Os estudos da ciência da personalidade,
desenvolvidos pela Hogan Assessments, indicam que a maior parte das
diferenças de personalidade não é causada pela idade, a época em que se
vive(u) ou o grupo geracional, mas por diferenças individuais, ainda que o
impacto predominante seja sentido como sendo do grupo de jovens atualmente o
mercado de trabalho. Apesar dos atritos, a convivência entre
gerações também tem mostrado caminhos de cooperação. Empresas começam a
enxergar a diversidade etária como parte essencial de suas estratégias de
inclusão, ao lado de gênero e etnia. Equipes multigeracionais, quando bem
conduzidas, revelam ganhos concretos em inovação e produtividade. A experiência dos mais velhos funciona
como contraponto à ousadia e fluidez digital dos mais jovens. Iniciativas
como programas de mentoria reversa já demonstraram bons resultados: juniores
orientam executivos sêniores em temas tecnológicos, enquanto veteranos
compartilham experiência em gestão e visão estratégica. Essa troca quebra
estereótipos, fortalece vínculos e mostra que cada geração tem algo a
ensinar. O fato é que os choques geracionais vieram para ficar – e em breve a Geração Alpha entrará nesse jogo. Mas, se há algo que já aprendemos, é que o atrito pode ser transformado em diálogo e aprendizado. As empresas que prosperarem serão aquelas capazes de acolher as diferenças, transformar a diversidade em vantagem competitiva e construir uma cultura que una experiência e reinvenção. O futuro do trabalho está sendo escrito justamente nesse encontro de gerações e mais ainda pelo tratamento das pessoas como indivíduos e sem preconceitos que apenas servem para reduzi-las a um representante de qualquer geração. (*) É sócio-diretor da Ateliê RH, consultoria
especializada em desenvolvimento humano e organizacional. Ilustração: Portal de notícias Hoje Mais. |
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