quarta-feira, 8 de junho de 2016

Tatiana Leite analisa os impactos das redes sociais nos relacionamentos amorosos


Ciúmes e redes sociais: a difícil convivência nos relacionamentos amorosos

Tatiana Leite (*)

Quem nunca teve a curiosidade de entrar no perfil do parceiro(a) para dar aquela “espiadinha”? Para muita gente, esse desejo é quase que inevitável. O problema é que, se no mundo real, já existem estímulos suficientes para causar desavenças entre os casais, no virtual é ainda pior. Por isso, é tão fácil encontrar relacionamentos que terminaram por causa de janelas de bate-papo ou um emoticon suspeito. Assim, mesmo que a internet não tenha criado a insegurança ou o ciúme, não há dúvidas de que ela potencializou e, muito, esses sentimentos.
Uma pesquisa de 2013, feita pela Universidade do Missouri (EUA), concluiu que pessoas que navegam por mais de uma hora na rede social têm relações mais turbulentas. No Brasil não há muitos materiais sobre isso, mas os impactos podem ser facilmente percebidos. Diante disso, alguns casais por medo de prejudicar a relação optam por ter contas compartilhadas ou acabam por até mesmo excluir seu perfil na rede social. A falsa sensação de poder controlar o outro, diante do que é postado e compartilhado na internet, traz prejuízos para muitos casais, independente do tempo que estão juntos.
Contudo, vale a pena lembrar que, muito antes desses recursos existirem, a infidelidade já era algo corriqueiro, por isso, não podemos responsabilizar essas tecnologias por incentivarem ou criarem oportunidades para a infidelidade.
Por meio da minha experiência na clínica, consigo listar alguns comportamentos recorrentes entre casais que sentem seu relacionamento afetado pelas redes sociais, confira!
Principais disparadores de ciúmes:
·         recados de amigos com sentido ambíguo;
·         adicionar pessoas que o parceiro(a) não tem conhecimento;
·         adicionar fotos de cunho sensual sem o consentimento do parceiro(a);
·         elogios, apelidos carinhosos que podem soar como se estivesse algo entre os dois e,
·         trocar mensagens privadas com certo grau de intimidade sem o conhecimento do parceiro(a).
Essas são apenas algumas dentre as inúmeras situações que podem instalar o conflito entre o casal que, certamente, irá precisar de muito diálogo por parte dos seus componentes para possíveis esclarecimentos.
Mas, afinal, como lidar com esse sentimento? Quais são os limites?
O importante é que o casal acorde alguns limites em relação ao comportamento que será adotado nessas mídias. Regras que não são combinadas acabam se tornando motivo de brigas e discussões recorrentes. Muitos casais combinam o que vão publicar, que momentos compartilhar, se vão ou não postar fotos sozinhos, vídeos do casal, mensagens que irão postar no perfil do parceiro(a), etc.
A partir do momento que essa ferramenta se torna um problema ou uma dificuldade para a vida íntima entre os parceiros, é necessário o casal repensar no seu uso e não obrigar seu parceiro(a) a eliminar o uso da rede social, se este não for o seu desejo. Como já comentei anteriormente, a ferramenta não deve ser usada como uma garantia de fidelidade no relacionamento. Se for utilizada como uma forma de rastreamento, pode ser prejudicial à própria pessoa que acredita estar controlando o outro, potencializando sentimento de insegurança e baixa estima. Como em todas as relações a confiança, o diálogo e, principalmente, o amor entre o casal têm que ser preservados.
Assim, para não ver sua relação se desgastar ou até mesmo ser comprometida por completo, os casais devem buscar formas mais adequadas de se comportar na rede e, nesse caso, nada melhor para ter sucesso do que usar de muito bom senso. 

(*) é terapeuta de casal e família com especialização em terapia familiar e de casal, pela Pontifica Universidade Católica (PUC/SP) e Pós-graduação em Sexualidade Humana, pela Faculdade de Medicina da USP.

Ilustração: brunoernica.com

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente


Um dia de esperança

Fabio Arruda Mortara (*)

O Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, instituído pela ONU, nessa data, em 1972, na Conferência de Estocolmo, tem forte correlação com a cadeia de valor da comunicação impressa, cujo fluxo produtivo é alinhado aos mais contemporâneos preceitos ecológicos. Tal sinergia, em especial no Brasil, onde o papel é integralmente produzido a partir da madeira de florestas plantadas, começa nas árvores, estas incansáveis combatentes na guerra contra o aquecimento da Terra.
Em nosso país, segundo a IBÁ (Indústria Brasileira de Árvores), há 7,74 milhões de hectares de florestas plantadas de eucalipto, pinus, acácia, araucária, paricá e teca. Trinta e quatro por cento destinam-se à produção de celulose e papel. É aí que a indústria gráfica começa a se agregar na cadeia da proteção ambiental. Essa expressiva cobertura vegetal sequestra 1,69 bilhão de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera, contribuindo, assim para mitigar o efeito estufa. O viés ecológico das gráficas manifesta-se, também, em processos industriais cada vez mais marcados pela produção limpa, tintas sem chumbo, economia e reúso da água, utilização das aparas de papel e reciclagem.
Contudo, essa história não termina aqui, pois a pauta ecológica não é isolada, inserindo-se na questão mais ampla da sustentabilidade, com vistas a um processo de desenvolvimento economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente correto. Nesse contexto, a indústria gráfica também tem presença marcante. No Brasil, são mais de 20 mil empresas, que empregam cerca de 200 mil pessoas, contribuindo vigorosamente para a inclusão socioeconômica, fomento do nível de atividade e redução das disparidades sociais.
Bem, agora já poderíamos terminar por aqui este artigo alusivo ao Dia Mundial do Meio Ambiente, não fosse mais uma questão relevante: a importância do empoderamento da sociedade por meio da democratização do conhecimento e do acesso à informação. Afinal, nada contribui mais para a sustentabilidade do que uma população de seres pensantes, conscientes e capazes de transformar os sete bilhões de terráqueos numa sociedade global civilizada, pacífica e devidamente contemplada por segurança alimentar, saúde, educação, moradia e saneamento básico.
Tais metas sintetizam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), agenda da ONU para o período 2015/2030, voltada a concretizar aqueles anseios básicos da humanidade. Utopia? Sonho? Não! Se olharmos para a história, veremos que o mundo, apesar de todos os problemas, foi ficando melhor, a cada século, no tratamento às minorias, no combate à discriminação de gênero, étnica e religiosa, na proteção à infância e à juventude, no uso das tecnologias para o bem comum.
Livros, jornais, revistas e cadernos, mídias do conhecimento, foram decisivos para esses avanços. Hoje, os impressos também cumprem missão importante nos ODS, atendendo ao Objetivo Número 12, referente à Produção e Consumo Responsáveis. Pois bem, as informações contidas nos rótulos e nas embalagens de papel-cartão são importantes subsídios para a orientação dos consumidores. A cadeia produtiva da comunicação impressa seguirá contribuindo para mudar o mundo.
É para difundir todo esse protagonismo do setor no contexto da sustentabilidade que instituímos em nosso país, no ano de 2014, a campanha mundial Two Sides. A iniciativa surgiu na Inglaterra e hoje está presente em 13 países europeus, nos Estados Unidos, Canadá, África do Sul, Austrália e Brasil. Aqui, o movimento conta com 42 entidades signatárias, que congregam cerca de 80 mil empresas, geradoras de 615 mil empregos diretos e faturamento anual de US$ 40 bilhões.
Temos, portanto, motivos para comemorar, com responsabilidade e esperança, o Dia Mundial do Meio Ambiente! 

(*) é presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas no Estado de São Paulo e da Confederação Latino-americana da Indústria Gráfica; coordenador do Comitê da Cadeia Produtiva do Papel, Gráfica e Embalagem (Copagrem) da Fiesp e country manager da Two Sides Brasil.

Ilustraçao: brasilescola.uol.com.br


domingo, 5 de junho de 2016

A importância de um bom cadastro

Como um bom cadastro de clientes pode potencializar o seu negócio?

Erik Penna (*)

O cadastro completo de clientes não é uma prática realizada por todas as empresas, mas é muito importante que seja feito tanto por lojas físicas quanto virtuais. Se for utilizado corretamente, pode render ótimos frutos aos comerciantes e/ou industriários que possuem lojas próprias/franquias/e-commerce.
Não exigido por lei, o cadastro de clientes é uma excelente oportunidade para a empresa vendedora colher dados e manter contatos posteriores. Além de, é claro, ser uma alternativa para se aproximar do consumidor e amplificar as vendas.
As informações colhidas para o cadastro são simples: nome, dados pessoais, email, telefone e data de aniversário. Mas, além destas, sugiro também mais duas perguntas:
1) Você indicaria nosso negócio para as pessoas que mais gosta? Sim ou não? Por quê?
2) O que você mais gosta de fazer como hobby ou nas horas vagas?
O ideal não é fazer um cadastro com muitas perguntas, pois algo extenso pode fazer o cliente declinar no preenchimento.
No entanto, muitas lojas ainda resistem em fazer o cadastro de seus clientes. Há um receio por parte das pessoas em passar seus dados, e, com a correria do dia a dia, o veem como algo que toma tempo e não traz benefício. Mesmo assim, é importante que as lojas cadastrem o maior número de clientes possível para fortalecer o relacionamento.
O cadastro se torna um aliado quando é feito de forma criativa. Por isso, o preenchimento precisa ser interessante, rápido e recompensador. A seguir, indico três exemplos que ilustram isso:
a) Qual criança no parque da Disney gostaria de parar tudo para responder um questionário? Pois é, minha filha fez questão de responder, pois a “Sininho” apareceu toda fantasiada na frente dela, jogou um pozinho mágico para cima e, com um tablet na mão, perguntou se ela poderia ajudá-la teclando 3 respostas. Minha filha ficou extasiada e respondeu: “Mas só três, não pode ser mais?”.  
b) Um exemplo negativo aconteceu comigo. Fui passar um fim de semana com a família num hotel fazenda e, ao entrar no quarto, me deparei com um opinário com 35 perguntas do hotel. De forma bem humorada comentei com minha esposa: “Estou em dúvida se vou curtir o fim de semana com vocês ou se fico aqui o dia todo respondendo as essas perguntas”.
c) Um supermercado fez um sorteio de uma televisão para aqueles que preenchiam o cadastro e deixavam uma sugestão de melhoria. Resultado: em um mês obteve mais de 500 fichas cadastrais e ideias de melhoria. Com isso, conseguiu ampliar sua base de dados e, o melhor de tudo: adotou 6 novas práticas baseadas nas sugestões apresentadas. Nada mal e tudo isso com investimento baixo.
Para as lojas virtuais não existe essa barreira da criatividade, uma vez que o consumidor já preenche os dados antes de finalizar a compra. Mas a loja física pode criar mecanismos, como os citados acima, para gerar interesse nas pessoas em participar.
Manter contato com os clientes é fundamental, tanto como para obter ferramenta de pós venda e fidelização. O email marketing e o televendas são duas ótimas alternativas com baixo custo e que potencializam as vendas de forma significativa.
Um bom exemplo ocorreu comigo outro dia. Atendi ao telefone em casa, a pessoa se apresentou e informou que, baseada nas informações que deixamos na loja dela, estava ligando para nos fazer um convite para um evento. Ela explicou que estavam promovendo um desfile de princesinhas e eles identificaram que a nossa filha poderia ser uma das princesas no evento. Não era preciso pagar nada, apenas ela escolheria o vestido que desejasse e faria o desfile. Sabe o que aconteceu?  Aparecem 50 princesas, muitos familiares e amigos. Ao término daquela noite tão especial, não era obrigatório, no entanto, mais da metade dos pais comprou o vestido que a filha desfilou, além de maquiagens infantis, tiaras, sapatilhas, brinquedos etc. A proprietária da loja me confidenciou que havia sido o melhor dia de vendas do mês, e tudo começou com um bom cadastro que foi bem utilizado.
O contato físico também é muito importante nesse processo de fidelização e aumento de vendas. Vivemos na era das experiências e precisamos gerar momentos mágicos com os clientes. As pessoas estão carentes, sedentas de atenção. Uma frase do psicanalista francês Jacques Lacan resume bem isso: “A fonte de todo desejo é ser desejado”. Portanto, se a loja souber enviar uma carta personalizada em que a pessoa se sinta especial, a relação marca/loja/cliente se fortalece e as vendas tendem a crescer também. 
* é palestrante motivacional, especialista em vendas, consultor e autor dos livros “A Divertida Arte de Vender”, “Motivação Nota 10” e “21 soluções para potencializar seu negócio”. Site: www.erikpenna.com.br

Ilustração: www.jd1noticias.com

sábado, 4 de junho de 2016

Um artigo de Rodrigo Casagrande




Lagartas e Borboletas

Rodrigo Casagrande (*)

Em 2013, passei pela experiência de um doutorado sanduíche em Montreal, no Canadá. Uma cidade adorável, com um povo visivelmente feliz. Dentre as experiências que vivenciei em Montreal jamais esquecerei do meu último dia por lá. Depois de seis meses realizando minhas pesquisas na Biblioteca da HEC Montreal – École de Gestion e desbravando o que a cidade tinha a oferecer, atividades estas que eram conciliadas com uma vida de ¨dono de casa¨, contratei uma empresa para fazer uma limpeza geral na residência que iria entregar ao locador. O valor acordado foram 140 dólares canadenses.
Na última noite em casa, resolvi me dar ao luxo de, após o jantar, não lavar as louças, afinal, no dia seguinte, chegaria a empresa que contratei para realizar a ¨geral¨ no apartamento. Eis que chegando o pessoal da limpeza (três pessoas) passei por uma das maiores vergonhas da minha vida. Fui imediatamente questionado do porquê que a cozinha continha prato, copo e talheres sujos. A indagação foi: por que eu acharia que alguém deveria lavar o prato em que eu havia comido? ¨Caiu a ficha¨: estava vivenciando, de uma forma vergonhosa, uma colisão de morais.
A formação de nossas morais vem, num primeiro momento, de nossa socialização primária. Ou seja, do convívio com nossos pais, irmãos, amigos, colegas de escola. Em seguida, passamos por uma socialização secundária, quando nos deparamos com as práticas organizacionais, as quais também balizarão e até mesmo modificarão nossas morais estabelecidas até então. Moral, desta forma, tem a ver com prática.
Para regular esta questão, considerando que a organização vai gerar o convívio de pessoas com as mais diversas morais, existe a ética. A ética tem a ver com o discurso e estabelece o que se espera em termos de comportamentos nas teias interna e externa da organização. Ética, desta forma, tem a ver com teoria. Diversos especialistas consideram que as empresas devem ter um propósito inspirador, e também realizar o partilhamento dos seus ganhos, em contraponto à visão tecnocrata centrada na maximização de lucros aos acionistas.
Obviamente que o lucro deve ser buscado pelas empresas, é o que lhes assegura a sobrevivência. Porém, uma empresa é muito mais que uma instituição que gera lucro. Considere a necessidade de alimentação para um ser humano, que não vive para comer, mas come para sobreviver e, a partir daí, construir uma vida rica em vários aspectos. O mesmo vale para as organizações conscientes, que existem para gerar valor não só para os acionistas, mas também para seus funcionários, clientes, fornecedores, comunidade, sociedade e planeta.
Dentre vários aspectos que ajudam a modelar uma organização consciente, ocupa papel de protagonismo o seu quadro de líderes. Bons líderes têm o poder de transformar lagartas em borboletas. A lagarta pouco faz mais do que comer, o que parece ser seu único propósito. Algumas comem tanto que multiplicam até cem vezes o seu tamanho original. Em algum momento, porém, inicia-se o processo da metamorfose e emerge uma criatura de beleza encantadora, que desempenha uma função valiosa na natureza por meio de seu papel de polinização e, portanto, na produção de alimentos para outros seres.
Podemos ter organizações que parecem lagartas, com empregados com mentalidades que buscam sugar tudo o que puder sem devolver nada em troca, ou organizações que criam uma atmosfera positiva para converter lagartas em borboletas, seres que criam valor para os outros e ajudam a tornar o mundo mais bonito. Para tanto, é fundamental reunir bons líderes, os quais conseguem exercer um prisma positivo naqueles que com eles trabalham, elevando pessoas a patamares mais elevados em termos técnicos e humanos.
Para que essa postura organizacional aflore é preciso um alinhamento entre o discurso (ética) e a moral (práticas). Do contrário, não se obtém a legitimidade, que é a explicação e justificação das práticas organizacionais geradoras do endosso da sociedade para o seu funcionamento.

(*) é professor de pós-graduação do ISAE/FGV, de Curitiba (PR), na disciplina de Liderança e Desenvolvimento de Equipes. Além disso, o profissional é sócio-diretor da Armatta Desenvolvimento Humano e Organizacional.


 Ilustração: evangelhoradical.webnode.com.br

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Carlos Sandrini escreve sobre cidades inteligentes




Smart Cities: cidades cada vez mais inteligentes

Carlos Sandrini (*)

Nas cidades inteligentes, o cidadão e os serviços essenciais estão conectados, utilizam energia limpa, reaproveitam a água, tratam o lixo, compartilham produtos, serviços e espaços, se deslocam com facilidade e usufruem de serviços públicos de qualidade. Além disso, a cidade inteligente cria laços culturais que une seus habitantes, propicia desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida.
Em busca do status de Smart City, cidades de todas as regiões do planeta irão investir entre US$ 930 bilhões e US$ 1,7 trilhões ao ano até 2025. Porém, mais do que investimentos, a cidade para ser inteligente, necessita de iniciativas inteligentes do poder executivo e legislativo.
A iniciativa privada tem se reunido em fóruns mundiais, como o SmartCity Business America, para apontar soluções e oportunidades de negócios no mercado das Smart Cities. Entre as adaptações, que seguem o desejo da população, estão a adoção de conceitos e tecnologias sustentáveis; inclusão urbana, ao contrário do isolamento das periferias; educação agregadora para evitar a radicalização; foco total na educação presencial e inclusiva até os 18 anos; e planejamento urbano que contemple os espaços para ensino e educação, que hoje não é apenas uma questão acadêmica.
Com essas novas características, as cidades inteligentes terão um aumento da oferta de emprego nos setores públicos, de hospitalidade e, principalmente, da economia criativa, área que tem crescido exponencialmente, tendo como processo principal o ato criativo e resultando, entre outros, na transformação da cultura local em riqueza econômica.
Essa evolução social e cultural promete gerar novo desejos, fazendo com que a cidade seja utilizada cada vez mais por prazer e promovendo ideais como inclusão, aproximação, conectividade, relacionamento e compartilhamento. O conceito aborda, também, a verticalização das cidades, com práticas sustentáveis e encurtando distâncias com soluções inteligentes de transporte, com o carro deixando de ser sonho de consumo; e uma transformação legislativa, que deverá possibilitar e encurtar caminhos para o desejo da maioria.
As novas tecnologias vão permitir, ainda, que as pessoas possam trabalhar em casa, além de não precisarem se deslocar para adquirir o básico ou resolverem problemas burocráticos. Não tem mais lógica as pessoas se dividirem diariamente entre dois ambientes (residencial e comercial). Assim como não existe lógica no horário comercial padrão. Por qual motivo a maioria das pessoas é obrigada a se deslocar nos mesmos horários? Veremos, em breve, o fim dos prédios comerciais como conhecemos.  Já os prédios residenciais ganharão novos conceitos e funcionalidades.
Fica claro que os próximos anos serão de transformações intensas nos grandes centros urbanos. O conceito das Smart Cities tem ganhado força em todos os continentes e, em breve, seus benefícios estarão presente em nossas vidas. Em um ambiente cada vez mais degradado e com dicotomias religiosas e políticas, as cidades inteligentes, apostando na inclusão, em soluções compartilhadas e em serviços públicos eficazes, podem representar a oportunidade de viver numa sociedade ideal.

(*) é arquiteto e urbanista, fundador e presidente do Centro Europeu (www.centroeuropeu.com.br).

Ilustração: www.mercadosdofuturo.com.br

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Rafael Schroeder escreve sobre transformação digital


Transformação digital. E você com isso?

Rafael de Tarso Schroeder (*)
Não importa a sua área de atuação, seus interesses, hobbies, aversão ou dificuldade com a “tal da tecnologia”. Não importa se quer criar seus filhos desconectados ou isolados dos perigos da web. A verdade é que parte da evolução do mercado está intimamente ligada ao conceito de negócios digitais. Sendo assim, não se assuste se durante as férias as crianças passarem um tempo programando jogos ou reunidos em hackathons criando empresas digitais de milhares de dólares. O novo imperativo exige uma nova linguagem, um novo jeito de criar experiência para o consumidor, de tentar, errar, testar, prototipar, mas, principalmente, virtualizar e tornar disponível para o mundo.
É fato que a transformação digital é muito maior que a área de suporte da sua empresa, mais conhecida como TI. Se você tem um pequeno negócio ou atua em grandes projetos, você precisa entender que parte do seu futuro depende da capacidade de trazer para o centro da discussão esse processo. Você não precisa pensar muito para concluir o quanto Whatsapp, Airbnb, Bla Bla Car, Uber, Netflix,  Nubank, entre outros aplicativos e empresas, mudaram a forma como você consome, interage e até vende seus  serviços.
A pergunta que me fiz e acredito que você  provavelmente irá se fazer é: Por onde começo? Claro que depende do que você  está buscando, mas, acredito que um passo é tornar a área de TI cocriadora das estratégias organizacionais. Em pequenos negócios é importante construir parcerias ou contar com aquele amigo mais tecnológico para orientar quanto às possibilidades. Fato é que de um jeito ou de outro, você deverá incorporar à sua cultura, conhecimento ou em sua equipe, pessoas que possam traduzir a tecnologia para você e trabalhem para simplificar o dia a dia da empresa. Nuvem, realidade aumentada, internet das coisas, impressão 3D, aprendizado de máquina, marketing digital, entre outros temas e tecnologias podem contribuir para a elaboração de uma rota.
Porém, essas são as ferramentas, mas, não necessariamente estratégias. Considere estudar dois assuntos que podem contribuir para colocar estas ferramentas em prática: Design Thinking e Modelo de Negócios. O design thinking virou moda entre consultorias, grandes empresas e empresas nascentes (startups), mas, na prática é um método que orienta o negócio de forma empática, contribui para você estruturar seus clientes e as necessidades deles em nichos ou grupos de características, às quais você responderá com o seu modelo de negócio.  O que significa definir um conjunto de serviços, produtos e canais alinhados à priorização de novas tecnologias e processos digitais que criarão valor e consequentemente resultados inovadores.
Por isso, a combinação entre tecnologia e capacidade de criar uma experiência inovadora é fundamental para o sucesso neste processo sem volta chamado transformação digital. Governos,  empresas, organizações e famílias estão estabelecendo novos processos para responder a este momento. E você? O que vai fazer com isso?

(*) É especialista em Sustentabilidade, empreendedorismo e inovação, e atua como professor do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE), de Curitiba (PR).
Ilustração: www.sottelli.com




quarta-feira, 1 de junho de 2016

AS VAQUINHAS VIRTUAIS SEGUNDO CALH


Crowfundingcomo as “vaquinhas virtuais” ajudam a capitalizar boas ideias

 Lélio Braga Calhau (*)

Um dos grandes obstáculos para os empreendedores é levantar dinheiro para capitalizar uma boa ideia. Conseguir financiamento nos tempos atuais é uma situação cada vez mais distante para a grande maioria dos brasileiros, ainda mais no patamar de juros que estão sendo cobrados pelo mercado financeiro. Segundo uma notícia publicada no UOL Economia, o programa de milhagens Smiles lançou uma vaquinha virtual, para viabilizar a viagem dos sonhos sem dinheiro. A ação chamou a atenção novamente para o tema do crowfunding, mas o que é isso afinal?
crowfunding, conhecido aqui no Brasil como "financiamento coletivo" ou "vaquinha virtual", é uma reunião de forças múltiplas para se levantar dinheiro para um fim específico. Nesse modelo, você cria um projeto de interesse coletivo e o coloca na internet, convidando as pessoas para o apoiarem com quantias que podem começar com valores mínimos até a um pagamento vultoso de suas necessidades. Quem se interessa pelo projeto, ajuda com o que pode, mesmo que em alguns casos, seja apenas um real.
Centenas de pessoas estão procurando hoje, através de vaquinhas virtuais, financiamento coletivo na internet com projetos mais variados possíveis. Alguns buscam recursos para desenvolver e imprimir livros de poesias, outros são músicos e buscam recursos para lançar um CD, outra pessoa fez um tour pelo país dando palestras de empreendedorismo para jovens, uma ONG busca criar um santuário animal com mais recursos, alguns jovens buscam criar um jogo de tabuleiro no estilo RPG, artistas buscam recursos para montar um espetáculo de teatro e amigos buscam ajuda financeira para custear o tratamento de saúde de uma pessoa, entre outros.
Não há limitações para se montar e buscar recursos financeiros para um projeto de financiamento coletivo. Depende de ele atrair um número de interessados em contribuir com a causa, que não mais necessitam estar geograficamente perto do empreendedor. A ajuda pode vir do outro lado do país ou até do exterior.
Por fim, o financiamento coletivo também não é um remédio para todos empreendedores, que necessitam de recursos para montar um negócio. Todavia, se o projeto for bem elaborado, ético e conseguir tocar emocionalmente os colaboradores, ele pode ser uma ferramenta útil. A qualidade do que se propõe a fazer e o engajamento de possíveis colaboradores pode ser mais uma opção realista para a implantação do seu sonho.

(*) é Promotor de Justiça de defesa do consumidor do Ministério Público de Minas Gerais. Graduado em Psicologia pela UNIVALE, é Mestre em Direito do Estado e Cidadania pela UFG-RJ, palestrante e Coordenador do site e do Podcast "Educação Financeira para Todos".
Ilustração: gijn.org