Educação financeira nas escolas: impactos
socioeconômicos no Brasil
Lucas Radd (*)
O
Brasil é a 10ª economia do mundo e, apesar da posição no ranking, é um país em
que somos praticamente analfabetos funcionais em finanças pessoais. Mesmo
pessoas com alto nível de escolaridade não conhecem os produtos financeiros ou
sabem as melhores práticas para cuidar do seu dinheiro. De acordo com a
Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o endividamento
das famílias bateu recorde em 2022, com 77,9% das pessoas se declarando
endividadas.
A
porcentagem alta nos mostra que o país não possui a base de para organizar as
suas despesas. Por isso, entendo que fortalecer essa cultura nas escolas é
fundamental para garantir um futuro com mais segurança e qualidade de vida para
todos. Afinal, os jovens e boa parte da população adulta não sabem mexer com
dinheiro.
O
apoio da escola na estruturação da consciência e planejamento financeiro
torna-se fundamental para quebrar esse ciclo de endividamento, afinal é um
problema comportamental e cultural. Além disso, ter profissionais que entendam
do tema e ensinem aos adolescentes a importância da economia, controle de
gastos e investimentos é essencial para lidar com o dinheiro de forma mais
consciente e inteligente.
É
muito comum as pessoas comprarem por impulso e a maioria não possui o
conhecimento necessário para calcular juros. Com isso, as despesas aumentam e
comprometem o orçamento familiar. Entender qual é o momento ideal para decidir
o que fazer com o dinheiro de forma responsável e segura é o ponto inicial para
essa organização.
Pessoas
estáveis financeiramente são mais propensas a aumentar seu capital, estabilizar
suas despesas e, consequentemente, alavancar o crescimento
econômico/patrimonial. Quando isso não ocorre, leva o país a lidar com
problemas sociais e coletivos, como o fechamento de empresas, demissões e
contas em atraso, além de chegar na saúde pública com pessoas adoecidas física
e mentalmente.
Posso
concluir que a falta de educação financeira para crianças, jovens e adultos é
uma das carências estruturais que mais causa consequências a curto e a longo
prazos. Somos apresentados aos conceitos básicos de coletividade desde o
nascimento, entretanto, é fundamental lembrar que o analfabetismo financeiro
não impacta apenas um indivíduo, e sim a todos. Garantir esse tipo de conhecimento
no ensino básico é estimular um futuro mais consciente.
(*) é sócio-fundador e CEO da Rufy, plataforma de
saúde financeira, destinada para pessoas e empresas, interessadas em oferecer o
sistema como benefício aos colaboradores.
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