quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A crise passa longe dos ricos


O mercado de luxo não sofre com a crise

 Adriano Tadeu Barbosa (*)

De acordo com pesquisas recentes e dados da Associação Brasileira das Empresas de Luxo (Abrael), neste ano de 2016 o mercado de luxo deve crescer entre 11 e 13% no Brasil. Segundo especialistas, isso acontece por um fato que nós conhecemos muito bem: o brasileiro gosta de comprar. Empresas que representam este mercado estão na contramão da crise. Quando tratamos de automóveis, por exemplo, o mercado de veículos gerais teve queda de 30% em 2015, enquanto as concessionárias de luxo registraram alta de 20% nas vendas no mesmo período.
Se formos analisar outros setores como os de joias e artes, vemos que os consumidores das classes A e B não abrem mão de atualizarem seus acervos, tanto que a procura por designers exclusivos e galerias de arte não recuou em algumas regiões do Brasil. O que podemos afirmar é que o índice de desemprego alto no país não atinge a estabilidade desta classe econômica, porque ela não depende de créditos, o que faz com que continue a consumir.
Pelo bom gosto apurado e por somente buscarem produtos de extrema qualidade, conhecendo muito bem as empresas que fazem parte deste mercado, os consumidores de luxo investem porque sabem que não enfrentarão problemas depois. Isso traz estabilidade neste setor mesmo em meio a um cenário não favorável para a maioria. A cidade de São Paulo é a maior responsável pelo consumo do mercado de luxo no Brasil, cerca de 60%, seguida do Rio de Janeiro, com 25%. Especialistas acreditam que, em 2025, Brasil, Rússia, China e Índia representarão 52% do mercado de luxo no mundo.
Nos últimos anos, o mercado de luxo no Brasil ganhou maturidade. Nós passamos daquela fase do luxo voltado para produto para uma fase mais evoluída, mais madura, do luxo voltado para serviços. Aquele luxo da ostentação, das coisas muito caras, está cedendo lugar a um luxo experiencial. O que abre espaço neste mercado de 32% dos 200 milhões de brasileiros. Segundo o IBGE, 64 milhões de habitantes estão entre as classes A e B no Brasil, concentradas nas regiões sul e sudeste, mas que também se situam nas outras regiões deste grande país. Todos em busca de excelentes produtos, serviços e experiências, a nova versão do mercado de luxo.
Poder usufruir de algo inesquecível e em alguns casos, inexplicável, como um jantar romântico nas alturas, viajar seguindo a aurora boreal, desfrutar de um assessor pessoal para todas suas atividades burocráticas, está na lista destes consumidores experientes no bom atendimento e experts em qualidade. Assim, para continuar a desenvolver serviços e produtos às expectativas deste seleto grupo, e para entender como o comportamento das classes A e B reage neste mercado, o aprendizado contínuo e a atualização dos profissionais são fundamentais.

(*) é supervisor do GBA internacional Mercado de Luxo do Instituto Superior de Administração e Economia (ISAE). Ilustração: www.webluxo.com.br 





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