Por que aprender IA é
mais urgente do que aprender inglês ou Excel
Por Renato
Asse (*)
Por muito tempo, saber
inglês e dominar o Excel foram considerados pré-requisitos para qualquer
profissional que desejasse se destacar no mercado. Essas habilidades
funcionavam como chaves para acessar conteúdos técnicos, compreender documentos
internacionais, montar relatórios e organizar dados com precisão. No entanto,
esse modelo de competência está sendo redefinido com a popularização da
inteligência artificial. Um episódio simples, mas significativo, ilustra bem
essa mudança: um comerciante do interior de São Paulo relatou que conseguiu,
com o auxílio da IA, montar uma planilha com gráficos e enviar um relatório em
inglês, tudo sozinho. O que antes exigia cursos, tempo de estudo e muitas vezes
ajuda externa, agora foi resolvido com autonomia. A sensação de independência
relatada por esse usuário é o reflexo direto de uma transformação tecnológica
que torna acessíveis ferramentas antes restritas a poucos.
Os números reforçam essa
percepção. Um relatório da McKinsey (2023) apontou que 75% das empresas
globalmente já utilizam alguma forma de IA em seus processos. No Brasil, uma
pesquisa da Microsoft com a Edelman mostrou que 93% dos trabalhadores que usam
inteligência artificial afirmam ser mais produtivos, e 85% dizem ter mais tempo
para atividades estratégicas. Esses dados evidenciam que a IA não apenas
melhora a eficiência, mas também muda a relação dos profissionais com o próprio
trabalho. Ela deixa de ser apenas um suporte técnico para se tornar um
instrumento de empoderamento individual, capaz de reduzir dependências e
estimular a iniciativa.
A inteligência artificial
vem cumprindo um papel decisivo na democratização do acesso ao conhecimento e
às ferramentas digitais. Plataformas como o ChatGPT têm sido utilizadas por
pessoas sem qualquer formação técnica para realizar tarefas antes complexas,
como revisar contratos, criar dashboards financeiros, traduzir textos
especializados ou desenvolver automações simples. Hoje, no Brasil,
empreendedores autônomos e pequenos já utilizaram a IA para reestruturar
seus negócios, resolver problemas administrativos e ganhar tempo com atividades
operacionais. Esses resultados demonstram como a IA pode servir como uma
alavanca de produtividade e inclusão digital.
A utilização eficaz da IA
não exige conhecimento avançado em tecnologia. O ponto central está na
capacidade de interagir com as ferramentas por meio de boas perguntas e
comandos bem estruturados, uma habilidade conhecida como “prompting”. Assim
como não é necessário entender a mecânica para dirigir um carro, também não é
preciso conhecer os algoritmos por trás da IA para aproveitar seus benefícios.
O que se exige é curiosidade, atitude e disposição para testar e aprender de
forma prática. Esse novo conjunto de competências está se tornando o novo
padrão mínimo exigido no mercado de trabalho.
Embora inglês e Excel
continuem sendo úteis em muitos contextos, a inteligência artificial já se
consolidou como uma habilidade essencial para o presente. Ela redefine o
conceito de qualificação ao oferecer velocidade, autonomia e alcance. Em um
cenário onde o tempo é um dos ativos mais valiosos, saber utilizar IA não é um
diferencial, mas uma necessidade. Profissionais que compreendem essa mudança
não apenas acompanham a evolução do mundo, mas posicionam-se de forma
estratégica para aproveitá-la. E como demonstrou aquele comerciante do
interior, com a ferramenta certa, qualquer pessoa pode conquistar resultados
antes impensáveis, e sentir-se gigante por isso
(*) é fundador da
Comunidade Sem Codar, a maior escola de No Code e IA da América Latina, com
mais de 20 mil membros.
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