sexta-feira, 23 de maio de 2025

Aprender IA é mais urgente que inglês ou Excel?

 


Por que aprender IA é mais urgente do que aprender inglês ou Excel

Por Renato Asse (*)

Por muito tempo, saber inglês e dominar o Excel foram considerados pré-requisitos para qualquer profissional que desejasse se destacar no mercado. Essas habilidades funcionavam como chaves para acessar conteúdos técnicos, compreender documentos internacionais, montar relatórios e organizar dados com precisão. No entanto, esse modelo de competência está sendo redefinido com a popularização da inteligência artificial. Um episódio simples, mas significativo, ilustra bem essa mudança: um comerciante do interior de São Paulo relatou que conseguiu, com o auxílio da IA, montar uma planilha com gráficos e enviar um relatório em inglês, tudo sozinho. O que antes exigia cursos, tempo de estudo e muitas vezes ajuda externa, agora foi resolvido com autonomia. A sensação de independência relatada por esse usuário é o reflexo direto de uma transformação tecnológica que torna acessíveis ferramentas antes restritas a poucos.

Os números reforçam essa percepção. Um relatório da McKinsey (2023) apontou que 75% das empresas globalmente já utilizam alguma forma de IA em seus processos. No Brasil, uma pesquisa da Microsoft com a Edelman mostrou que 93% dos trabalhadores que usam inteligência artificial afirmam ser mais produtivos, e 85% dizem ter mais tempo para atividades estratégicas. Esses dados evidenciam que a IA não apenas melhora a eficiência, mas também muda a relação dos profissionais com o próprio trabalho. Ela deixa de ser apenas um suporte técnico para se tornar um instrumento de empoderamento individual, capaz de reduzir dependências e estimular a iniciativa.

A inteligência artificial vem cumprindo um papel decisivo na democratização do acesso ao conhecimento e às ferramentas digitais. Plataformas como o ChatGPT têm sido utilizadas por pessoas sem qualquer formação técnica para realizar tarefas antes complexas, como revisar contratos, criar dashboards financeiros, traduzir textos especializados ou desenvolver automações simples. Hoje, no Brasil, empreendedores autônomos e pequenos já utilizaram a IA para reestruturar seus negócios, resolver problemas administrativos e ganhar tempo com atividades operacionais. Esses resultados demonstram como a IA pode servir como uma alavanca de produtividade e inclusão digital.

A utilização eficaz da IA não exige conhecimento avançado em tecnologia. O ponto central está na capacidade de interagir com as ferramentas por meio de boas perguntas e comandos bem estruturados, uma habilidade conhecida como “prompting”. Assim como não é necessário entender a mecânica para dirigir um carro, também não é preciso conhecer os algoritmos por trás da IA para aproveitar seus benefícios. O que se exige é curiosidade, atitude e disposição para testar e aprender de forma prática. Esse novo conjunto de competências está se tornando o novo padrão mínimo exigido no mercado de trabalho.

Embora inglês e Excel continuem sendo úteis em muitos contextos, a inteligência artificial já se consolidou como uma habilidade essencial para o presente. Ela redefine o conceito de qualificação ao oferecer velocidade, autonomia e alcance. Em um cenário onde o tempo é um dos ativos mais valiosos, saber utilizar IA não é um diferencial, mas uma necessidade. Profissionais que compreendem essa mudança não apenas acompanham a evolução do mundo, mas posicionam-se de forma estratégica para aproveitá-la. E como demonstrou aquele comerciante do interior, com a ferramenta certa, qualquer pessoa pode conquistar resultados antes impensáveis, e sentir-se gigante por isso

(*) é fundador da Comunidade Sem Codar, a maior escola de No Code e IA da América Latina, com mais de 20 mil membros.  

 

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