O Futuro do trabalho já começou- E você está pronto?
Por:
Bárbara Nogueira
A
revolução digital já não é mais algo distante: ela está aqui, no nosso dia a
dia, transformando silenciosamente (e às vezes, ruidosamente) a forma como
trabalhamos, nos relacionamos com as empresas e até como enxergamos o que é
“ter um emprego”. Mais do que uma era de mudanças, estamos vivendo uma
verdadeira mudança de era.
A
tecnologia está redesenhando as carreiras, os modelos de trabalho e até os
caminhos para se construir uma trajetória profissional. Segundo o Fórum
Econômico Mundial, até 2025, 85 milhões de empregos devem ser substituídos por
máquinas. Por outro lado, 97 milhões de novas funções devem surgir — muitas
delas ainda nem existem. Já o LinkedIn Learning aponta um dado ainda mais
impactante: até 2030, 1 bilhão de pessoas no mundo precisarão ser
requalificadas.
É
o começo de um novo jogo. A automação e a inteligência artificial estão
evoluindo numa velocidade três vezes maior do que a criação de empregos
tradicionais. Mas é importante entender: a tecnologia não elimina pessoas — ela
substitui tarefas. Isso muda tudo. Bancos, por exemplo, adotaram caixas
eletrônicos inteligentes, liberando os atendentes para atuar como consultores.
Indústrias passaram a usar robôs para soldagem e inspeção, enquanto os
operadores se transformam em supervisores tecnológicos. No marketing, a IA
ajuda a gerar conteúdo, mas o olhar estratégico — que interpreta os dados e
entende o comportamento do consumidor — continua sendo humano.
Outro
fenômeno dessa nova economia é a ascensão da "gig economy", ou
economia sob demanda. Plataformas como Uber, iFood, 99Freelas e outras abriram
portas para trabalhos mais flexíveis, mas também mais instáveis. O vínculo
tradicional com uma única empresa está dando lugar a relações de trabalho mais
fluidas, em que a segurança profissional vem, principalmente, da capacidade de
se adaptar e aprender rápido.
E
é justamente aí que entram as novas habilidades. No lado técnico, dominar
ferramentas digitais, entender o básico de análise de dados, conhecer
plataformas como CRMs ou recursos com inteligência artificial deixou de ser “um
diferencial” — virou necessidade. Mesmo quem não é programador precisa
compreender lógica de programação, pelo menos para se comunicar com a
tecnologia.
Mas
as soft skills (habilidades humanas) continuam sendo o trunfo. Pensamento
crítico, criatividade, inteligência emocional, comunicação clara e vontade de
aprender são características que nenhuma máquina consegue replicar. E são essas
qualidades que as empresas estão procurando cada vez mais — profissionais
adaptáveis, curiosos e com sede de evolução.
Hoje,
o portfólio fala mais alto que o currículo tradicional. Experiências práticas,
projetos entregues, aprendizados adquiridos — tudo isso conta (muito!) na hora
de se destacar no mercado.
Só
que essa transformação também traz um alerta: a inclusão digital ainda é um
desafio enorme. No Brasil, mais de 20 milhões de pessoas não têm acesso regular
à internet. As barreiras digitais afetam, principalmente, quem tem menos
escolaridade, mulheres e trabalhadores mais velhos. Enquanto novas profissões
surgem, muitas pessoas ainda não têm acesso às ferramentas básicas para
acompanhar essa mudança.
Para
quem está no mercado — ou quer entrar —, o caminho é investir em aprendizado
contínuo. Plataformas como Coursera, Alura, Senai, Sebrae, YouTube e LinkedIn
Learning oferecem cursos gratuitos ou acessíveis para todos os níveis. Aprender
Excel, Power BI, ferramentas colaborativas e noções de dados é um excelente
começo. Além disso, manter um perfil atualizado no LinkedIn, participar de
comunidades, eventos e desenvolver uma mentalidade empreendedora são passos
essenciais, mesmo para quem está em empregos formais.
Do
lado das empresas, o momento exige ação. É hora de criar programas internos de
reskilling (requalificação) e upskilling (atualização de competências), com
foco no que os colaboradores podem aprender e não só no que já sabem.
Redesenhar cargos, criar trilhas de aprendizado e promover inclusão digital são
iniciativas que ajudam a preparar equipes para o futuro que já chegou. E o mais
importante: usar dados para entender as lacunas de capacitação e agir de forma
estratégica.
No
final das contas, a nova regra do jogo é clara: não importa mais apenas o que
você sabe, mas o quanto você é capaz de aprender e se reinventar. O trabalho
mudou — e vai continuar mudando. Mas com acesso, preparo e uma dose de coragem,
essa revolução pode ser uma das maiores oportunidades do nosso tempo.
(*)
é Diretora, Career Advisor & Headhunter da Prime Talent, empresa presente
em 27 países pela Agilium Group.
Ilustração: Walmar Andrade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário